Plano Popular de Emergência é lançado no Rio Grande do Sul
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
Organizar as bases sociais para que elas também sejam protagonistas das lutas populares contra os retrocessos que estão ocorrendo no Brasil é um dos grandes desafios dos integrantes da Frente Brasil Popular para o próximo período. A tarefa foi determinada durante lançamento estadual do Plano Popular de Emergência, realizado na noite da sexta-feira, 28 de setembro, no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
O ato contou com as participações de João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST; Marianna Dias, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE); e Pepe Vargas, presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT). Todos destacaram a necessidade urgente do trabalho de base, a fim de criar resistência social para enfrentar o projeto neoliberal do governo de Michel Temer (PMDB).
Na ocasião, Rodrigues apresentou os quatro eixos que compõem o Plano Popular de Emergência, que foi construído por 64 organizações do campo e da cidade, movimentos sindicais e partidos políticos ligados à Frente Brasil Popular. O documento, lançado nacionalmente em maio deste ano, traz propostas relacionadas à soberania nacional e às políticas econômica, públicas e sociais, além de defender mudanças no Estado brasileiro. “É um documento complexo, mas que tenta fazer uma síntese do diagnóstico dos problemas que enfrentamos e o que defendemos para o Brasil”, argumentou.
O coordenador nacional do MST acrescentou que nos últimos três anos a esquerda brasileira somente se posicionou contra medidas adotadas pelos recentes governos, especialmente os federais, e defendidas pelos setores mais conservadores, e pouco apresentou à sociedade o que defende para solucionar os problemas políticos, econômicos e sociais do país.
“É hora de dizer sobre o que nós somos favoráveis, para não dar a impressão de que as organizações do campo popular não têm uma proposta para o Brasil. Mostrar o que defendemos somente nas eleições, nos programas dos partidos, é pouco. Nós temos que, desde já, debater com a militância, a comunidade, a academia e os setores organizados no meio das lutas. Isto é, na verdade, uma disputa de narrativa de qual modelo de país queremos. O judiciário faz a sua, o Congresso faz a dele e nós estamos fazendo a nossa, através do Plano Popular de Emergência”, explicou.
O documento faz críticas aos desmonte de Estado protagonizado pela gestão de Temer e sua base aliada no Congresso Nacional. Pepe Vargas, durante o ato de lançamento, que também contou com a presença do deputado Edegar Pretto, presidente do Poder Legislativo gaúcho, destacou como exemplo de “medida perversa” do atual governo a proposta de Orçamento para o ano de 2018. “Vai liquidar o conjunto de políticas públicas”, lamentou.
O presidente do PT ressaltou ainda que as reformas do governo peemedebista, como a previdenciária e trabalhista, são “ataques brutais” ao povo brasileiro, e que a atual conjuntura exige unificação da classe trabalhadora nas lutas e nos processos eleitorais para construir resistência.
“A brutalidade dos ataques que sofremos hoje é incomensuravelmente maior do que o ataque que sofremos nos anos 90, quando o conjunto de organizações da classe trabalhadora brasileira resistiu à implantação das políticas neoliberais e Fernando Henrique Cardoso não consegui fazer, por exemplo, a reforma da Previdência, nem privatizar tudo o que queria”, complementou. Vargas também reforçou que agora a tarefa é unificar o campo democrático e popular a nível nacional e em todos os estados. “Temos que tentar impedir que, através das eleições do ano que vem, eles legitimem o golpe”, disse.
Marianna Dias afirmou que uma das ofensivas mais graves que vem ocorrendo no país, principalmente por parte do Poder Judiciário e das grandes empresas de comunicação, é a criminalizarão da política, o que poderá causar o afastamento da população dos processos eleitorais. “A sensação que o povo tem é que a política brasileira é exclusivamente Aécio Neves, Geddel Vieira Lima e Michel Temer, que é corrupção e sinônimo de coisa suja. E o povo não quer participar daquilo que é sujo e está associado à corrupção. O desafio dos movimentos sociais é não deixar que acabem de uma vez por todas com a construção da política brasileira”, apontou.
A jovem destacou ainda a necessidade de aproximar a sociedade das ideias defendidas pela Frente Brasil Popular no Plano Popular de Emergência. “Precisamos valorizar essa construção, fazer com que ela chegue ao povo brasileiro. Esta é uma das principais tarefas e desafios que temos para o próximo período”, frisou.
*Editado por Leonardo Fernandes