Conferência discute saídas para dar qualidade à alimentação dos brasileiros
Por Thanee Degasperi/Mídia Ninja
Da Página do MST
No segundo dia do Festival de Arte e Cultura da Reforma Agrária em Belo Horizonte, aconteceu a Conferência Alimentação Saudável Silvino Gouveia com a presença do Ministro da Saúde da administração do governo Dilma, Alexandre Padilha, a chef de cozinha Janaína Rueda, Irene Cardoso, professora da Universidade Federal de Viçosa e presidenta da Associação Brasileira de Agroecologia, a dirigente nacional do MST Débora Nunes e Samuel Costa, dirigente estadual do Movimento. Na Conferência se falou muito sobre os hábitos contemporâneos de alimentação, representados em Mística com agrotóxicos e alimentos processados, que hoje fazem parte da alimentação diária da quase totalidade da população mundial.
Segundo dados abordados durante a Conferência, hoje, brasileiros consomem 7 litros de agrotóxicos anualmente, além do excesso de sal e gorduras nos alimentos industrializados que “dizem que são feitos para facilitar nossa vida, você cozinha rapidinho direto do pacote”, lembra a cozinheira Janaína. Ela destacou que os “sabores” industrializados, que visam facilitar nossa vida, envenenam o organismo. “Hoje ninguém tem mais tempo de realmente preparar sua comida, só usa esses produtos fabricados, e por que isso? Exigem que a gente cuide da casa, do filho, trabalhe, e quem tem tempo pra cozinhar? Criaram uma forma para que a gente use esses produtos em vez de realmente preparar a comida.”
Também falando sobre a influência da indústria e da economia na alimentação da população, Alexandre Padilha usou a frase de Eduardo Galeano, escritor uruguaio, que “temos que alimentar a alma”, se referindo a importância de consumir produtos agroecológicos, sem agrotóxicos e naturais, e também à cultura. “Ingerimos 25 mg de agrotóxicos diariamente. A alimentação tem a ver com a nossa alma, com o corpo e com a nossa economia.” Padilha complementa, compreendendo a importância de políticas públicas que garantam a melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade.
Irene Cardoso também abordou a implementação de políticas públicas voltadas para a alimentação saudável, como a própria reforma agrária citada pelo ex-ministro da Saúde, sendo forma de garantia de direitos para toda a população. “As pessoas comem mal, se alimentam de forma muito errada e é necessário trazer essa mudança e ela vem com o trabalhador rural. Aqui no Festival vemos esses alimentos saudáveis, não vemos isso em qualquer lugar, mas isso precisa, sim, estar em todos os lugares. A indústria, o capital não deixa, seguem nos envenenando.” A professora também falou sobre o ERÊ – Encontro Regional Sudeste de Agroecologia – que acontece no mesmo período em Belo Horizonte, cujos participantes vieram à Conferência Silvino Gouveia realizar cortejo de lançamento do Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), que acontecerá na capital mineira em 2018.