Ocupação do MST consegue suspender despejo em Limeira, no interior de São Paulo
Por Mariana Pitasse
Do Brasil de Fato
Após articulação com aliados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as cerca de 100 famílias que estão acampadas no Horto Florestal Tatu, em Limeira, no interior de São Paulo, conseguiram suspender a liminar de reintegração de posse na tarde deste domingo (22). As famílias ocuparam o local na última sexta-feira (20).
A liminar de reintegração de posse foi apresentada a elas logo em seguida, no sábado (21), exigindo a saída em um prazo máximo de 24 horas. A decisão judicial contemplava pedido feito pela Prefeitura de Limeira.
“É uma vitória, parcial ainda, mas bastante importante. Não vai ter despejo por enquanto, mas eles ainda podem voltar atrás, por isso temos que continuar atentos. Pouco a pouco, esperamos continuar conquistando novas batalhas até conseguir a área definitivamente”, afirma Selma Santos, do MST.
Antes de conseguirem suspender a liminar de reintegração de posse, as famílias vinham sofrendo duras investidas policiais e temiam que a polícia pudesse agir de forma truculenta para as despejar do terreno, como aconteceu há 10 anos atrás, quando uma primeira ocupação foi organizada no mesmo local.
“Os policiais militares e guardas municipais vieram nos notificar munidos de muitas armas e pessoal, querendo nos intimidar. Se nós não desocupassemos até o horário estipulado, eles deixaram claro que podiam fazer uso da força”, conta Selma.
Ainda que o despejo tenha sido suspenso, o grupo continua em alerta. Por isso, as famílias pedem que apoiadores e pessoas solidárias marquem presença no local, que fica na avenida Jurandir Paixão, em frente ao aterro sanitário, no bairro Tatu, em Limeira. Elas continuam construindo a ocupação, como parte das atividades da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, que acontece em todo o Brasil, desde segunda-feira (16), dia Mundial da Alimentação em Defesa da Soberania Alimentar e da Reforma Agrária.
O grupo já recebeu apoio de representantes do Bispo Wilson, da deputada estadual Ana Perugini (PT) e do Centro de Defesa da Criança e Adolescente (CEDECA), além de advogados da região.
“É importante destacar que as famílias acampadas não tem outro local para morar e produzir. Então, seguimos firmes na luta para arrecadar essa área e livrar Limeira de mais um lixão a céu aberto, como a Prefeitura quer”, complementa Selma.
Aterro Sanitário
O Horto Florestal Tatu está situado em terras federais, remanescentes da antiga Ferrovia Paulista (Fepasa). Com cerca de 768 hectares, a área está destinada à reforma agrária desde os anos 1980, mas mesmo assim, tem sido designada para outros fins pelos governos locais.
Hoje, o espaço assume a função de aterro sanitário, kartódromo, estande de tiro, pista de motocross, aeromodelismo, presídio e um parque de lazer. A Prefeitura de Limeira ainda planeja construir no local um segundo aterro sanitário.
Por isso, a história de resistência pela terra no Horto Florestal Tatu não é de hoje. A primeira ocupação organizada pelo MST no local aconteceu em abril de 2007 e reuniu cerca de 300 famílias.
O acampamento, que foi batizado de Elizabeth Teixeira, sofreu violento despejo meses depois. Em seguida, as famílias reocuparam uma pequena área e decidiram permanecer em luta pela regularização do assentamento.
Aproximadamente 60 famílias estão no local desde 2007 e outras 100 famílias estão organizadas desde a última sexta-feira (20). Juntas elas reivindicam os 768 hectares para estruturar um assentamento e produzir alimentos saudáveis.
*Editado por Camila Salmazio