Maior resistência popular do Maranhão tem data comemorativa oficializada

Assembleia Legislativa do estado aprovou o dia 13 de dezembro como o dia da Balaiada.

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Por Reynaldo Costa
Da Página do MST

 

Em sessão especial, realizada nesta quarta feira (13), foi instituído o Dia da Balaiada, uma homenagem que resgata a maior revolta popular da história do Maranhão: a Guerra da Balaiada. 

A sessão solene que instituiu o 13 de novembro como Dia da Balaiada foi realizada na Assembleia Legislativa do Maranhão e contou com a representação de estudantes e movimentos sociais, entres eles, o MST e a Federação de Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura do Maranhão – FETAEMA. No inicio das atividades foi exibido o filme “Balaiada – A Guerra do Maranhão”, de Ronilson Freire e Beto Nicácio. 

A cerimônia teve ainda o objetivo de homenagear várias personalidades entre acadêmicos, políticos e militantes sociais pela contribuição na manutenção da memoria da luta da Balaiada. Entre os homenageados está a militante do MST e atual vereadora do município de Nina Rodrigues, Maria Dolores Farias, que também é assentada na comunidade Palmares II.

 

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Maria Dolores, militante do MST e homenageada.

O projeto é de iniciativa do deputado estadual Bira do Pindaré (PSB), que durante a abertura da sessão solene, destacou a importância da sessão, quando ainda não existia no calendário oficial do estado nenhuma data comemorativa que se referisse à Balaiada. “Essa sessão é uma singela homenagem a todos os homens e mulheres que de alguma forma contribuem para a preservação da memória desse importante momento da história maranhense.” 

Para Jonas Borges, da Coordenação Estadual do MST, o projeto de lei do deputado Bira é importante para resgatar a memória dos que lutam por liberdade no Maranhão. “A balaiada é a maior resistência popular do Maranhão e uma das maiores do Brasil imperial. Ela tinha o objetivo de libertar os escravos e os pobres camponeses. Foi uma revolta por liberdade. É justo uma data para se comemorar isso”, afirmou.

A Balaiada

A Balaiada foi uma revolta que percorreu diversos municípios do Maranhão, incluindo Caxias, a segunda maior cidade do estado no período. Todos os municípios envolvidos foram mobilizados. Formou-se um grande exército de pessoas, escravizadas na época, principalmente negros e negras, que se levantaram contra o Regime Colonial da época.

A revolta estoura quando o vaqueiro Raimundo Gomes invade a cadeia do povoado Manga, hoje Cidade de Nina Rodrigues, para soltar seu irmão que havia sido capturado para servir o exército. Na operação, os soldados da guarnição foram rendidos e presos nas próprias celas da delegacia. Em seguida, com apoio da população, fez-se uma proclamação pública contra o governo, exigindo a destituição do Presidente da Província do Maranhão,  assim como todos os prefeitos das cidades.

Outros dois grandes personagens desta revolta foram o Manoel Francisco dos Anjos, camponês e fabricante de balaios, e Negro Cosme, uma importante liderança quilombola que ocupava fazendas libertando escravos e os conduzindo para quilombos na região.

A Guerra da Balaiada durou quase quatro anos, de 1938 até o final de 1941, e se estendeu por quase todo o estado, ganhando adesão de camponeses descontentes com o governo da Província. 

 

*Editado por Leonardo Fernandes