Manifestantes impedem assembleia de privatizar Eletronorte

Enquanto há assentamentos de 20 anos sem a regularização da energia, as grandes mineradoras e o agronegócio avançam sobre os recursos energéticos.

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Por Janelson Ferreira
Da Página do MST

 

Na tarde desta terça-feira (8), cerca de 200 manifestantes bloquearam a entrada da Eletrobrás, em Brasília-DF. O ato tinha como objetivo impedir a realização da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) 170. Esta assembleia, que teria a participação de acionistas da empresa, tinha como pauta principal a escolha entre a privatização ou liquidação das distribuidoras do grupo Eletrobrás.

Na prática, os acionistas escolheriam se as distribuidoras de energia do Acre, Rondônia, Amazonas, Roraima, Piauí e Alagoas seriam vendidas ou, simplesmente, extintas. Estiveram presentes na ação militantes do MST e do Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (STIU-DF).

As duas opções apresentadas para a AGE representam um significativo ataque à população dos estados atendidos, além de ser um importante passo na privatização do restante do grupo Eletrobrás. As distribuidoras que hoje estão ameaçadas de privatização foram incorporadas à Eletrobrás na década de 1990.

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Na época, em meio à onda privatista, ninguém se interessou em comprar estas empresas, com a justificativa de que estavam situadas em regiões de pouca “atratividade econômica”. A proposta do governo Temer é vende-las por 50 milhões cada e deixar a maior parte das dívidas com a própria Eletrobrás, além de autorizar reajustes de até 40% nas tarifas para a população.

Para Marco Baratto, da direção nacional do MST, é um dever do Movimento Sem Terra se somar aos sindicatos na defesa da soberania popular e energética do país. “A pauta da energia, tão importante, não é somente de determinados segmentos, ela deve ser encarada por todas organizações populares, movimentos sociais, sindicatos etc. Estamos tratando de ter condições a uma energia de qualidade e de baixo custo”, afirma Baratto.

Segundo o dirigente, o problema energético que existe nas cidades, aumenta significativamente no campo. “Enquanto temos assentamentos de 20 anos sem a regularização da energia, as grandes mineradoras e empreendimentos do agronegócio avançam sobre nossos recursos energéticos, guardando interesses escusos”.

De acordo com o Sem Terra, a privatização da Eletrobrás faz parte de uma articulação ampla de avanço do capital sobre o país. “Querem controlar a energia para desenvolver um programa impopular, que atende a interesses internacionais do capital. Desejam controlar nossas terras, nossa água, nossa energia, avançando sobre o cerrado, Amazônia e comunidades tradicionais”, finaliza Baratto.

A Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.) é uma concessionária de serviço público de energia elétrica. Ela fornece energia aos nove estados da Amazônia Legal – Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

A empresa tem sob sua administração quatro hidrelétricas, Tucuruí (PA), Coaracy Nunes (AP) – maior usina genuinamente brasileira – Samuel (RO) e Curuá-Uma (PA). Possui em seu quadro próprio quase três mil e quinhentos empregados.

Com o impedimento da realização da Assembleia pela mobilização, os acionistas da empresa se reuniram por videoconferência. No entanto, advogados do STIU-DF contestarão judicialmente a legalidade da reunião.

 

 

*Editado por Rafael Soriano