Em conferência com mulheres Sem Terra, Dilma fala sobre resistência e democracia
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
Na ocasião, Dilma falou sobre o tema “Em Defesa da Democracia e da Soberania Nacional: As mulheres como sujeitos de resistência”. Em cerca de duas horas, ela tratou sobre o impeachment que sofreu em 2016 e o desmonte de políticas públicas na gestão do atual governo, como o Minha Casa, Minha Vida e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Ao contar sua trajetória de luta contra a ditadura militar e na presidência da República, Dilma disse que aprendeu por meio dessas vivências “coisas importantes”. “Eu sofri grandes golpes na minha vida. Esse primeiro, o militar, que me levou à prisão; e o segundo, o impeachment, sem haver crime de responsabilidade que pudesse justificar o meu afastamento da presidência”. Ela acrescentou que as mulheres, ao contrário do que sempre disseram, não são frágeis. “Somos firmes e destemidas, muitas de nós resistiram e combateram a ditadura. É preciso continuar resistindo, defender o povo brasileiro e lutar pela diminuição da desigualdade e em defesa da democracia no país”, apontou.
A ex-presidenta destacou também que “o golpe tem conteúdo machista e misógino” e que se deu numa “aliança descarada entre o mercado rentista, a mídia golpista e o segmento das corporações”. “Eu era vista como uma mulher dura. Como eles não têm menor compromisso com a lógica, além de ser dura eu era frágil e temerosa. O homem não seria frágil e temeroso, seria sensível. Eu não, eu era dura, frágil e temerosa”, afirmou.
Dilma ainda criticou o projeto de privatização das estatais e medidas aprovadas pelo Congresso Nacional, como a reforma trabalhista. Ela alegou que a população brasileira, mesmo com uma grande campanha da grande mídia a favor, começou a perceber o que realmente estava por trás do impeachment. “Todas as lideranças golpistas ficaram muito evidentes. Perderam integralmente a moral, ou porque foram pegos com mala de dinheiro, ou porque votaram absurdos como a reforma trabalhista; além de terem assistido negociações que implicavam em até acabar com o decreto que fiscaliza e pune o trabalho análogo à escravidão”, destacou.
Além do MST, a ex-presidenta esteve acompanhada de lideranças de vários movimentos sociais, como o Movimento das Trabalhadoras e dos Trabalhadores por Direitos (MTD); Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Levante Popular da Juventude. Ao final do evento, ela foi presentada com uma cesta de produtos orgânicos da Reforma Agrária.
Jornada de Luta
A Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra do RS vai até a próxima quinta-feira (8), quando será realizada uma marcha unificada nas ruas centrais de Porto Alegre. A mobilização está marcada para às 7h30, na rodoviária, no bairro Floresta. Na oportunidade, trabalhadoras urbanas e rurais denunciarão a retirada de direitos e se manifestarão em defesa da democracia e da soberania nacional.
Confira aqui a íntegra da atividade das mulheres com a Dilma. E aqui as fotos do evento.
*Editado por Maura Silva