EBC censura e criminaliza mulheres do MST

A criminalização dos movimentos sociais pela imprensa jamais deve ser tratada com normalidade, ainda que estejamos diante de empresas burguesas com interesses que vão de encontro aos das trabalhadoras brasileiras

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Da Página do MST 

Hoje, 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, milhares de camponesas saíram às ruas para a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra. E, como já é de costume, a imprensa brasileira noticiou as atividades, marchas e ocupações com parcialidade e de forma a criminalizar as mulheres em luta.  

Exemplo disso é a matéria publicada hoje na página da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) com o título “No Rio, mulheres do MST promovem ato de vandalismo em parque gráfico da Globo”. O texto, que foge de qualquer parâmetro básico do bom jornalismo, demonstra os constantes atentados contra uma verdadeira comunicação pública.

A notícia foi editada de forma a não garantir a voz das mulheres do MST, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Levante Popular da Juventude e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), presentes no protesto no parque gráfico do O Globo. Trata-se apenas de um panfleto de entidades que, diuturnamente, apoiam o golpismo e a retirada de direito dos trabalhadores. Aliás, não é a primeira vez que a liberdade de expressão e o jornalismo são atacados pela EBC.

Depois do golpe que atingiu em cheio a democracia brasileira em 2016, a EBC foi o primeiro alvo do novo governo golpista. O primeiro ataque foi a dissolução do único canal de participação social da EBC, o Conselho Curador. Logo depois, o governo Temer impôs um novo presidente para a empresa pública, a revelia da autonomia política necessária para estes tipos de órgão.

A criminalização dos movimentos sociais pela imprensa jamais deve ser tratada com normalidade, ainda que estejamos diante de empresas burguesas com interesses que vão de encontro aos das trabalhadoras brasileiras. No entanto, no caso da referida matéria da EBC, editada pelo superintendente da Agência Brasil sem preservar a voz do MST, concluímos que se trata de um óbvio caso de censura e silenciamento a movimentos sociais. 

A falta de democratização do setor midiático que domina o mercado brasileiro dá margem para interpretações maliciosas, pautadas na desinformação e na falta de conhecimento político e histórico. O papel da imprensa é informar e não propagar inverdades. Quando a criminalização vem de uma empresa pública, o repúdio é ainda maior. Relativizar processos históricos de luta em um país tão desigual como o Brasil é não considerar a realidade que está debaixo dos nossos olhos.

 

Assinam:

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Movimento dos Pequenos Agricultores

Movimento dos Atingidos por Barragem

Levante Popular da Juventude