Lima: o Coronel de Temer denunciado há três anos pelo MST
Por Maura Silva
Da Página do MST
As famílias que ocupam desde o último dia (7), a fazenda Esmeralda, localizada em Duartina, interior de São Paulo sofrem desde o início da manhã de hoje (22) com ameaça e tentativa de despejo.
No local estão posicionadas mais de 30 viaturas e um efetivo de aproximadamente 150 policiais acompanhados de cães que intimidam e pressionam os Sem Terra. O clima está tenso no local e o Movimento segue negociando para que a polícia respeite o prazo acordado, bem como a integridade física dos trabalhadores.
Por que ocupamos a fazenda de Michel temer?
Era 9 de maio de 2016 quando mil famílias Sem Terra ocuparam pela primeira vez a fazenda Esmeralda, localizada em Duartina, interior de São Paulo. A área – que tem cerca de 1500 hectares – fica entre os municípios de Duartina, Fernão, Gália e Lucianópolis e pertence à empresa Argeplan, de arquitetura e engenharia, que tem como um dos sócios João Batista Lima Filho, conhecido como Coronel Lima, que já foi assessor do presidente Michel Temer, de quem é amigo pessoal há mais de três décadas.
Desde então, o MST realizou mais duas ocupações na fazenda, uma em julho de 2017 e a mais recente que começou no último dia 7 de março. Todas as ocupações foram feitas com objetivo de denunciar as ligações escusas de Michel Temer com o proprietário da fazenda e sua empresa de fachada que arregimenta propinas.
Argeplan
A Argeplan, empresa do proprietário formal da fazenda, Coronel “Lima”, começou a crescer após a chegada de Temer no alto escalão do governo. Num contrato de R$ 162 milhões com a empresa Engevix, cujo proprietário José Antunes foi preso na operação
Lava Jato, foi revelada (em delação premiada pelo próprio Antunes) a passagem de propina no valor de R$ 1 milhão para o PMDB de Temer.
Apesar de ter mais de 1500 hectares, em uma situação análoga ao “sítio de Atibaia” – factoide criado pela mídia -, remetido ao ex-presidente Luiz Inácio &”39;Lula&”39; da Silva, a fazenda Esmeralda no interior de São Paulo nunca teve a mesma cobertura de sua real posse pelo pemedebista Michel Temer.
Além de sediar atividades regionais do PMDB, a propriedade funcionou como QG de articulações duvidosas do atual governo.
Escândalo dos Portos
Coronel Lima foi o braço direito de Michel Temer em mais um escândalo de corrupção. Investigações sugerem que Lima foi intermediário entre o presidente e um dos maiores grupos empresariais da área portuária. Um relatório preliminar da Polícia Federal foi anexado ao inquérito que investiga Temer e outros membros do governo por supostas irregularidades na edição de um decreto para o setor de portos. Uma tabela datada de 1998 sugere pagamentos de empresas do Porto de Santos (SP) ao peemedebista e aliados.
Lava Jato
Lima foi apontado por Florisvaldo Caetano de Oliveira, contador da JBS como “apanhador” pessoal dos recursos de Temer. No último dia 13 de março, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a quebra dos sigilos telefônico e telemático (comunicação por e-mail) de suspeitos de intermediarem propina para o presidente Michel. A autorização se estende ao ex-deputado Rodrigo da Rocha Loures (MDB) e ao coronel Lima.
Silêncio da grande mídia
Fomos os primeiros a correlacionar os fatos e expor a relação escusa que os dois mantém há décadas. Desde então, são cada vez mais frequentes as denuncias de abusos e corrupção. Para a Direção Nacional do MST, as provas são irrefutáveis e não podemos contrariá-las.
“Michel Temer e Coronel Lima são corruptos é isso que o MST vem apontando desde 2016. O Movimento foi o primeiro a dar visibilidade a esse esquema de falcatruas que envolvem os dois. A questão é: por que a grande mídia esconde esses fatos? Porque seria admitir que a imprensa silenciou todos esses anos o esquema de corrupção que envolve 15 milhões em patrimônios adquiridos por corrupção, sendo que destes, 13 milhões são investimentos em imóveis rurais no município de Duartina. São escândalos que envolvem o Porto de Santos, Angra 3 no Rio de Janeiro, em outras palavras, Temer seria derrubado se a mídia fosse precisa nas investigações que envolvem Coronel Lima. A justiça também silencia diante dos fatos, é morosa, não permite que a sociedade tenha acesso aos fatos. Exemplo: a Polícia Federal apreendeu no duplex de 446 metros quadrados de Lima, 17 recibos referentes à uma offshore, Langley Trade. A empresa é domiciliada em Montevidéu, capital do Uruguai, conhecido paraíso fiscal, no mesmo endereço da Panamá Papers. Maiores indícios que esses impossíveis. É isso que o MST denuncia há anos. Nós lutamos e ocupamos por Reforma Agrária nas terras dos corruptos, mas, acima de tudo lutamos e ocupamos por justiça”.
Confira abaixo vídeo feito na ocupação: