Caravana de Lula: Ato em defesa da agricultura familiar e da Reforma Agrária mobiliza multidão no RS

Evento aconteceu na região Norte gaúcha, considerada berço do PT no estado e de alguns movimentos populares
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Foto Leandro Molina 

 

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

A centenária cidade de Palmeira das Missões, na região Norte do Rio Grande do Sul, recebeu na noite dessa quinta-feira (22) a Caravana Lula pelo Sul do Brasil. Milhares de pessoas, entre elas pequenos agricultores, acampados e assentados, participaram de um ato público com o ex-presidente em defesa da agricultura familiar e da Reforma Agrária, no Largo Alfredo Westphalen. A atividade contou com a participação do coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, do ex-governador Olívio Dutra, da ex-presidente Dilma Rousseff e de outras lideranças populares e políticas.

Na ocasião, Stédile falou sobre a crise que assola o país e a articulação da burguesia para acabar com os direitos do povo trabalhador. Entre as medidas neoliberais, ele destacou o aumento do desemprego, a mercantilização dos recursos naturais e o aumento da desigualdade social. Também ressaltou a impopularidade histórica do governo Michel Temer (MDB) e a sua ofensiva para precarizar a situação da agricultura familiar e camponesa.

“Eles acabaram com qualquer programa de incentivo à agricultura, investem na monocultura e beneficiam as multinacionais, que não pagam ICM na exportação de soja. O que está em jogo no Brasil é o modelo de agricultura. E é isso que esperamos mudar com o governo Lula. Queremos terra para indígenas, quilombolas e Sem Terra. O modelo que defendemos é a agricultura camponesa, com produção de alimentos com base agroecológica, sem agrotóxicos. Ao elegermos Lula, nós estaremos elegendo outro modelo de desenvolvimento para salvar a nossa agricultura e os recursos naturais”, disse.

A ex-presidente Dilma contou que a Caravana Lula pelo Brasil tem o objetivo de denunciar o golpe que a tirou da presidência e que ainda ocorre no país, e de levar a esperança ao povo de construir um país diferente e sem ameaças aos direitos. Ela citou os feitos do governo Lula para combater a pobreza no campo e impulsionar a agricultura familiar. Entre as ações, destacou a Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Fomos responsáveis pelo fato histórico de tirar o Brasil do mapa da fome. O povo passou a comer bem porque a agricultura familiar é responsável por mais de 70% dos alimentos que estão na mesa de todos os brasileiros”, lembrou.

Ela também destacou que num projeto popular de desenvolvimento do país terá vez “a divisão de riquezas, a entrega de terras e casa e uma previdência digna à população”. “Defender a candidatura de Lula é defender que o Brasil volte a crescer, que o mundo inteiro respeite o país, a Petrobras, a agricultura familiar e as mulheres. É acabar com o ódio, é fazer com que o Brasil se reencontre consigo mesmo e construir um país que respeite a diversidade”, assinalou.

Legado de Lula

Lula foi o último a falar para a multidão que não parava de ovacioná-lo. Em seu pronunciamento, resgatou os processos eleitorais que enfrentou até chegar à presidência da República e contou que, ao ser eleito, apostou na inclusão do povo pobre na economia para mudar a realidade do país, por meio de iniciativas como a criação de empregos com carteira assinada e o PAA.

“A economia começou a crescer, o povo começou a melhorar sua casa, a comprar uma televisão, um computador, um sapato melhor, uma roupa de melhor qualidade. Ele começou a comer melhor, parou de roer pescoço e passou a comer peito e sobrecoxa de frango. As pessoas começaram a perceber que era possível mudar de vida. Muitos camponeses tiveram financiamento para construir uma casa digna e muitos puderam comprar carro. No Nordeste, o povo começou a aposentar o jumento e a comprar motoca; era uma coisa extraordinária”, lembrou.

Lula afirmou ainda que “tinha uma obsessão em reduzir os problemas da educação para colocar gente humilde, da periferia, na universidade” e que a descoberta do Pré-sal propiciou novos rumos ao país. “Resolvemos criar o Prouni [Programa Universidade para Todos] para melhorar a vida do pobre e decidimos que o avalista de quem quisesse estudar seria o tesouro nacional, pois quando investimos em um jovem estamos investindo no avanço do Brasil”, argumentou.

Lula também motivou os jovens que participavam do ato a estudarem para que possam conseguir empregos em qualquer lugar do país e para que, especialmente as mulheres, tenham independência e ajudem a protagonizar a construção de uma sociedade justa e soberana. “Eu quero ser candidato porque tenho certeza que posso mudar o país. Quero ganhar para fazer o Brasil ser respeitado e acabar com o seu complexo de vira-latas”, concluiu.

Depoimentos

O ato público em defesa da agricultura familiar e da Reforma Agrária também foi marcado por depoimentos de agricultores, mulheres, jovens e estudantes universitários. Eles agradeceram o legado de Lula, que culminou na melhoria de suas vidas através de políticas que facilitaram o acesso à universidade e que impulsionaram a produção de alimentos saudáveis, a construção de moradias populares, a obtenção de renda e a melhoria da qualidade de vida no campo.
 

 

 * Editado por Maura Silva