Seminário na UnB discute questão agrária, soberania alimentar e meio ambiente
Por Webert da Cruz
Da Página do MST
Começou nesta segunda-feira (16), o I Seminário Nacional: Questão Agrária, Soberania e Meio Ambiente na Universidade de Brasília (UnB). As mesas e grupos de trabalho discutirão sobre a questão agrária no Brasil e seguirão até o dia 19 nos Campus Darcy Ribeiro e Faculdade UnB Planaltina (FUP).
Como parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, o evento propõe realizar reflexões críticas sobre a pauta agrária, soberania alimentar e meio ambiente no país.
Para a Conferência de Abertura, foi convidado João Pedro Stedile, dirigente nacional do MST. A fala do Sem Terra tratou sobre a necessidade de um Projeto Popular que embarque Reforma Agrária das terras brasileiras, soberania alimentar que possibilite autonomia do povo e a não privatização dos bens naturais.
Stédile iniciou sua fala saudando a realização do seminário no mês de abril, em que se mantém viva a memória dos 19 sem terra assassinados no Massacre El Dourado dos Carajás, no Pará, há 22 anos. “Se aqueles companheiros não tivessem pagado com a vida, com coragem de lutar pela Reforma Agrária, talvez não estivéssemos hoje aqui debatendo esses temas”, lembrou.
“Não é possível resolver a questão agrária, enfrentar a estrutura injusta da propriedade terra, fazer garantir a democracia, sem que ela estejamos inseridos num programa maior de Brasil, da mesma forma a soberania alimentar e o meio ambiente”, afirmou.
O conferencista contextualizou o histórico de falências de projetos políticos e econômicos do Capital no Brasil e também relembrou as resistências e construções de mudanças populares na história. Além de criticar modelos neodesenvolvimentistas e analisar a grave crise social no qual o país enfrenta, em diálogo com o cenário de crise internacional que se apresenta ainda mais complexo.
João Pedro contextualizou o aumento da desigualdade como uma chaga social. Ele trouxe em sua fala dados da Oxfam, no qual afirma que os seis maiores bilionários têm a mesma riqueza que os 100 milhões de brasileiros mais pobres. Também falou dos mais de 13 milhões de desempregados de acordo com o IBGE e outras informações como falta de distribuição de renda, trabalho precarizado e nenhuma solução em vista a curto prazo.
O dirigente finalizou sua fala de abertura convocando a construção de uma síntese de ideias para um projeto popular de Brasil. “É preciso massificar essas ideias. Precisamos envolver todas as classes, sem excluir setores. E o primeiro passo para a transformação, é construir um governo democrático: Lula é a porta de saída para um projeto popular”, disse Stédile.
A programação do seminário segue com a socialização dos principais resultados de pesquisas realizadas por professores, estudantes e pesquisadores associados às universidades brasileiras, em diferentes cursos de graduação e programas de pós-graduação.