Justiça suspende ordem de reintegração na ocupação “Marielle Vive!”

“O acampamento Marielle Vive! representa este momento em que as terras no país estão sendo especuladas para grandes empreendimentos", afirma dirigente do MST

 

Da Página do MST
 

Na última quinta-feira (03), depois da ameaça de despejo, as mais de 500 famílias que fazem parte da Ocupação “Marielle Vive!” conseguiram a suspensão da liminar de reintegração de posse. 
 

Durante a ameaça o oficial de justiça, junto com um contingente da Polícia Militar, foram notificar e estabelecer o prazo de 48 horas para a saída e a apreensão das crianças Sem Terrinha, filhas e filhos dos acampados, para serem encaminhadas para abrigo. 
 

No entanto, no fim da mesma quinta-feira, o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu pela suspensão da reintegração de posse e a favor da permanência das famílias na área a partir da frágil comprovação de posse apresentada pela Empresa Eldorado Empreendimentos Imobiliários Ltda. 
 

Para Kelli Mafort, da coordenação nacional do MST, a ocupação “Marielle Vive!” é muito simbólica porque representa o enfrentamento e a luta pela terra na região, são áreas muito valorizadas nas quais o enfrentamento é contra o agronegócio e a especulação imobiliária. 
 

“O acampamento Marielle Vive! representa este momento em que as terras no país estão sendo especuladas para grandes empreendimentos, desrespeitando a legislação ambiental, trabalhista e afastando a possibilidade da democratização da terra, através da reforma agrária e reforma urbana”, afirma a coordenadora. 
 

Além disso, Kelli agregou que a suspensão tem um significado especial, principalmente pela determinação judicial de primeira instância onde a juíza ordenou que as crianças seriam objeto de apreensão para ser levadas a abrigos em caso de processo de reintegração de posse. Segundo Kelli, “essa decisão mostra o absurdo por parte da juíza e também a inclinação do judiciário em criminalizar o MST, partindo do pressuposto de que somos criminosos e que as crianças tem que ser separadas das famílias que estão em luta. Denunciamos essa ação e festejamos a suspensão”. 
 

As famílias continuam organizando o acampamento na área improdutiva do município de Valinhos, região de Campinas (SP), denunciando a especulação imobiliária e exigência que as terras sejam destinadas a Regoma Agrária.