MST debate o método “Camponês a Camponês”, no Ceará
Por Lia Pinheiro e Peter Rosset
Da Página do MST
O MST, a Associación Nacional de Agricultores Pequeños (ANAP) de Cuba e a Via Campesina Internacional (LVC), realizaram entre os dias 30 de abril e 5 de maio, o seminário sobre a Metodologia Camponês a Camponês para levar a Agroecologia a Escala Territorial”, a atividade aconteceu no Centro de Formação, Capacitação e Pesquisa Frei Humberto, em Fortaleza, Ceará.
Dentro do processo de agroecologia da Via Campesina Internacional, o Movimento Agroecológico “Camponês a Camponês” da ANAP é um dos maiores êxitos em âmbito mundial. Em pouco mais de duas décadas, o movimento de base da ANAP contribuiu para que 60% da população camponesa de Cuba se tornasse agroecológica.
O seminário contou com a participação da coordenadora Nacional do Movimento Agroecológico da ANAP, Adilén Jaime Roque e do professor Peter Rosset, que acompanha os processos internacionais de agroecología pela Secretaria Operativa Internacional da Via Campesina e também pelo El Colégio de la Frontera Sur (ECOSUR), pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Também participaram os especialistas brasileiros na metodología, Pedro Abreu e João Portela e a professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, da UECE, Lia Pinheiro Barbosa. O seminário envolveu o setor de educação e o setor de produção do MST, além de camponeses, educadores e educados das escolas do campo de diferentes assentamentos da Reforma Agrária do estado.
Segundo Adilén Roque, o segredo do êxito da ANAP tem sido a metodologia “de Camponês a Camponês”, que é uma metodologia de aprendizagem horizontal baseada no protagonismo dos próprios camponeses e camponesas. O MST decidiu realizar um projeto piloto da metodologia na região do assentamento Santana, localizado no município de Monsenhor Tabosa, Ceará. O seminário teve como objetivo aprofundar os princípios agroecológicos do “Camponês a Camponês”, além do intercâmbio de experiências com a ANAP, como insumos para o novo processo no Ceará.
Segundo Pedro Neto, da direção nacional do MST, “a principal diferença nesse processo é que nele as famílias camponesas são as protagonistas”.
Os participantes do seminário avaliaram que o campesinato do sertão tem muito conhecimento e muitas práticas de convivência com o semiárido, porém, este conhecimento está disperso, invisibilizado e sub-valorizado pelos modelos convencionais de assistência técnica. O uso da metodologia “de Camponês a Camponês”, concluíram, oferece a possibilidade de identificar, integrar, socializar, mobilizar e usar estes conhecimentos, em diálogo com os conhecimentos mais técnicos-acadêmicos e agroecológicos.