MST leva mais de 30 variedades de feijão orgânico ao coração de Piratini, no Rio Grande do Sul
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
O evento é conhecido como Feira do Feijão Orgânico. Em sua quarta edição foram comercializados cerca de 1,5 mil quilos do alimento. Seu José Venâncio, presidente da Apecol, explica que as sementes são cultivadas há 3 anos nos assentamentos Conquista da Liberdade e Conquista da Luta, no interior de Piratini, e que nenhum tipo de produto químico é utilizado. “O solo é recuperado com matéria orgânica e coberturas verdes. Se o solo estiver bem forte dificilmente a planta será atacada”, comenta.
Entre os feijões produzidos pela associação estão os pretos e de cores. Venâncio diz que estes possuem um ciclo mais curto que os primeiros. “O feijão preto precisa de 80 a 120 dias, dependendo da variedade, para se desenvolver. Mas o de cor, mais graúdo, é mais rápido. Tu plantou e em 60 dias já está colhendo. O mais conhecido é o macanudo, que é um feijão de geração muito longa, bom de panela. Ele dá em qualquer parte do Brasil. Já o iraí, carioca branco e carioca vermelho, que também produzem muito rápido, se adaptam ao solo mais quente”, acrescenta.
Quem passou pela feira da Apecol também encontrou arroz, frutas, verduras e legumes agroecológicos; panifícios, queijos e vários outros produtos coloniais. “Quando vedemos nossos alimentos estamos repassando saúde para a comunidade. O nosso trabalho de produção orgânica e de produção agroecológica também é em defesa da vida. É um trabalho que leva cidadania ao homem, tanto no campo como na cidade. É um trabalho de resgate de uma sociedade para uma vida sustentável e mais saudável, com menos dificuldades”, argumenta.
A abertura oficial do evento contou com a presença de autoridades municipais, do deputado estadual Edegar Pretto, que é coordenador da Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa da Alimentação Saudável da Assembleia Legislativa, de representantes de cooperativas e de lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Todos enalteceram a iniciativa da Apecol no resgate das sementes e destacaram a importância da produção de alimentos saudáveis.
Entre os visitantes estava seu Adão da Silva, morador do Assentamento Apolônio de Carvalho, localizado em Eldorado do Sul, na região Metropolitana de Porto Alegre. Ele viajou mais de 300 quilômetros para ir pela primeira vez à feira. “Vim até aqui porque me importo muito com feijão e porque já cultivo algumas variedades. Quero ver se consigo produzir essas sementes crioulas numa área de várzea. Tô levando o feijão enxofre, que é uma semente antiga que meu pai plantava, e um feijão preto graúdo. Vou produzir as sementes para o meu gasto e também para repassar aos meus vizinhos’, conta.
Apoiadores
A 4ª Feira do Feijão Orgânico foi realizada com o apoio da Rede de Sementes Agroecológicas Bionatur, Prefeitura de Piratini, MST, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e Governo do Estado.