Seminário discute comercialização da produção da Reforma Agrária
Da Página do MST
Entre os dias 17 e 18 de Julho, mais de 60 trabalhadoras e trabalhadores Sem Terra realizaram o I Seminário da Frente de Comercialização da Regional Extremo Sul, na Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, no município de Prado-BA.
Com o objetivo de construir um plano de comércio justo e alternativo da Reforma Agrária Popular, o Seminário abordou o tema das “Estratégias para Segurança e Soberania Alimentar do Campo a Cidade”.
De acordo Roberta Cristina, da Frente de Comercialização Regional do MST, o seminário apontou caminhos importantes para as famílias Sem Terra organizarem o escoamento da produção da Reforma Agrária por meio de uma metodologia participativa, humana e consciente, baseada no diálogo e na troca de conhecimentos. Além de colocar a necessidade de manutenção de políticas públicas como o PAA e PNAE, prejudicadas com as medidas golpista de Michel Temer.
“Precisamos avançar nas politicas públicas como Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar – PAA, nas feiras da Reforma Agrária e nas feiras livres. São maneiras de valorizar os camponesa e defender a agroecologia, permitindo a produção e comercialização sem atravessadores”, explicou Cristina.
Durante os dois dias de seminário houve diversos debates em torno da organicidade da Frente de Comercialização, a construção de um mercado justo e alternativo e o modelo de formação capaz de formar técnicos com habilidades para desburocratizar os processos e humanizar as assistências fornecidas.
Também elaboraram propostas com objetivo de melhorar o escoamento de excedentes e superar os principais desafios da comercialização na perspectiva de geração de renda e consolidação das famílias no campo. Além de realizar o Planejamento estratégico participativo de 2018: Superação dos desafios do Comercio justo e alternativo da Regional Extremo Sul.
Para Carlos Roberto da Silva, da Frente de Comercialização do MST na Bahia, o projeto trata-se de organizar conhecimentos já existentes sobre produção e comercialização. Há um grande potencial nas famílias camponesas pois já se organizam, mesmo que de maneira diferente, mas com um objetivo comum: a agroecologia.
“O Primeiro Seminário é um começo, pois o planejamento do Plano é um trabalho cooperativo, flexível e de longo prazo. Por isso, vamos continuar nos reunindo, analisando e trabalhando para a aplicação de um sistema agroecológico, social, ambiental e economicamente justo”, afirmou Silva.
Contra a padronização da agricultura camponesa
Para Arleu Kai, da coordenação do setor de produção regional do MST, é um avanço de consciência quando os trabalhadores compreendem a importância da organização da produção paralela com a comercialização.
“O trabalho coletivo das famílias camponesas, a unidade e a produção agroecológica permite garantir o fornecimento de alimentos saudáveis às escolas e ao comercio em geral, além de proporcionar o desenvolvimento no campo”, afirmou Arleu.
O Movimento está trabalhando em uma elaboração de um projeto que possibilite que a produção caminhe dialeticamente com a comercialização, dando assim viabilidade a produção da agricultura camponesa e o fortalecimento da agroecologia. De forma que, não permitirão que a agricultura camponesa seja enquadrada na lógica do agronegócio, do mercado do capital internacional.
“A agricultura camponesa deve ser valorizada, e o governo deve reconhecer sua variedade, tradição e cultura. As políticas públicas, atuais e futuras, precisam ser construídas com e para os agricultores”, salientou Kai.
*Editado por Iris Pacheco