Um Armazém feito de alimentação saudável e luta popular

Ato Político e lançamento da Marcha Nacional Lula Livre marcam as comemorações de dois anos do Armazém do Campo

 

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Armazém do Campo fica lotado nesta sexta-feira (3), durante ato político.
Foto: Divulgação/MST

 

Por Wesley Lima
Da Página do MST

No último dia 31 de julho, o Armazém do Campo, loja organizada pelo MST, completou dois anos no centro de São Paulo, tendo como carro chefe a comercialização de produtos da Reforma Agrária e o diálogo permanente com a população através de atividades culturais, eventos diversos, pratos típicos para os diversos gostos e a realização de debates políticos em torno da produção de alimentos saudáveis.

Para celebrar essa data, nessa semana, a loja preparou uma programação especial, que se encerra neste sábado (4), com rodas de conversa, oficinas, promoções na compra de produtos e apresentações artísticas culturais.

Na noite desta última sexta-feira (3), foi realizado um Ato Político em comemoração à data, onde foi abordado as diversas dimensões da luta que o Armazém atua, entre elas, a cultural, formativa, de agitação e propaganda da luta pela Reforma Agrária Popular.

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Ademar Ludwig, da coordenação política do Armazém.
Foto: Divulgação/MST

Em números, já foram vendidos nesses dois anos mais de 29 toneladas de arroz orgânico, quase 3 toneladas de banana orgânica, mais de uma tonelada e meia de maçã e mais de 2 mil litros de suco orgânico. Cerca de 180 apresentações culturais e mais de 33 mil pessoas passaram pela loja.

Segundo Ademar Ludwig, da coordenação política do Armazém, tem muita coisa para se comemorar. “Nossa loja é um instrumento de luta. Por aqui conseguimos estabelecer um diálogo direto com os trabalhadores da cidade. Quem passa pela loja, além de levar produtos orgânicos dos assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária, leva também muito conhecimento sobre o processo produtivo e a luta pela terra em nosso país”, explica.

Feita pelo e para o povo

Não precisamos caminhar muito pelo Armazém que já nos deparamos com uma diversidade de alimentos saudáveis e histórias de vida que marcam a sua construção. Vanusa Chaves (38) entrou na loja através de sua militância no MST, que começou quando ainda tinha 11 anos de idade, com seus familiares no Assentamento Gleba 15 de Novembro, localizado na região do Pontal, no interior do estado.

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Vanusa diz que a loja é um espaço de troca entre o trabalhador
rural e o consumidor. Foto: Divulgação/MST

Vanusa conta que conheceu o MST através de seu tio que esteve na coordenação da região na época. “Eu não participava muito das lutas, porque meus pais só tinham filhas mulheres e isso dificultava a nossa saída de casa para se inserir em algumas atividades. A gente só ia quando um deles iam para participar de alguns encontros ou manifestação. Não foram muitas as saídas. Eu fiquei mais ativa no Movimento quando ganhei uma bolsa de estudos na Universidade Metodista de Piracicaba, onde me formei em fisioterapia, entre 2003 e 2009, e depois que saí de lá eu acabei militando na região de Pontal”.

Hoje, Vanusa reside na capital e faz de tudo um pouco na loja, mas tem se especializado na produção de lanches, bolos e tortas no espaço do café.  Para ela, o Armazém é um espaço de diálogo. “É importante estabelecer o contato entre quem produz e o consumidor. Os visitantes da loja fazem muitas perguntas sobre o manejo produtivo e isso é importante, porque a gente aprende muita coisa trabalhando aqui. Existe uma troca”, pontua.

Há um ano e meio, o jovem Pedro Misnerovicz (20) também tem contribuído com o Armazém do Campo no departamento financeiro e comercial. Filho de militantes do MST, Pedro nasceu em Cuiabá e fez curso técnico em cooperativismo no Rio Grande do Sul. Ele lembra que sua infância foi marcada pela participação nas cirandas infantis, que aconteciam nas mobilizações, encontros e atividades de formação que seus pais participavam.

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Pedro é um jovem militante do MST e contribui no Armazém
do Campo há mais de um ano. Foto: Divulgação/MST

Pedro acredita, a partir de sua tarefa dentro da loja, que o Armazém do Campo é um espaço mais político do que econômico. “Essa política é dada no dia a dia, na prática, comercializando os produtos da Reforma Agrária do MST, mostrando porque o MST ocupa terra”, enfatiza.

Sobre a sua contribuição com a luta, Ele conta que esse processo se dá a partir de atividades técnicas que também são militantes e, diz ainda, que o tem contribuído nessa formação e qualificação de suas atribuições profissionais.

Marcha Nacional

Durante o Ato Político de comemoração, foi realizado também o Lançamento da Marcha Nacional Lula Livre, que ocorre entre 10 e 15 de agosto em direção à Brasília, com o objetivo pautar a liberdade para o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e de seu direito de ser candidato às eleições presidenciais. Serão três colunas que se deslocarão de Formosa-GO, Luziânia-GO e Engenho das Lages-DF, com chegada em Brasília no dia 15.

*Editado por Iris Pacheco