Diversidades de povos e os mesmos objetivos, reforma agrária, democracia e Lula Livre
Por Página do MST*
Com delegações de 22 estados a Marcha Nacional Lula Livre que reúne mais de 5 mil pessoas traz à região do Planalto Central uma diversidade grandiosa de povos, tornando ainda mais grandioso a Marcha. Rafael de Souza Celestino, de 19 anos, se destaca entre os manifestantes que compõem a Marcha Lula Livre. No rosto jovem, além do olhar curioso, exibe pinturas em cor preta que são marcas de sua origem: ele é descendente dos povos indígenas Canela Apanyekrá. Integrante da marcha pela coluna Tereza de Benguela, que reúne delegações de nove estados das regiões Centro Oeste e Amazônica. Na Coluna, pode-se perceber grupos de diferentes origens, mas que se unem em reivindicações comuns: a luta pela terra, por território, por democracia e pela liberdade de Lula.
“A nossa luta é uma só, estamos juntos na reivindicação do nosso espaço para plantar e morar. Além disso, o mínimo que poderíamos fazer por Lula é lutar por ele e lutar por sua candidatura. Se não fosse por ele, não teríamos conseguido nada do que conseguimos até hoje”, afirma Rafael.
O jovem e sua família tiveram contato mais próximo com a história de seus ascendentes há cerca de 11 anos, ainda durante a gestão do ex-presidente Lula, quando alguns remanescentes dos povos Canela se organizaram para reivindicar que uma área no município de Luciara, no estado do Mato Grosso, fosse demarcada como território indígena.
Entre um marchante e outro, Flávia Maria Silva de Oliveira organiza parte da fila de militantes da Coluna Prestes, que na manhã deste sábado (11) caminhou pela Rodovia 040, de Luziânia até Valparaíso de Goiás.
Flávia Maria mora no Acampamento Andreia Guaraciane, localizado no Vale do Paraíba, em São Paulo, ela se sente orgulhosa por participar do MST e de mais essa tarefa, e afirma estar nessa Marcha Nacional Lula Livre por conta da sua longa experiência dentro do Movimento Sem Terra. “Estou no movimento há 15 anos. O MST significa tudo para mim. É minha vida. Sem o movimento eu não vivo mais”, conta, ajeitando o chapéu para se proteger do sol.
Flávia não tem dúvidas sobre a importância da marcha e defende seu objetivo. “Se não há provass, não há crime. Lula abriu as portas pro povo sem terra, pro povo da roça. Abriu também as janelas pra podermos plantar e comer sem agrotóxicos”, declara e logo sai correndo para organizar a fileira de marchantes sem deixar a animação de lado. “Não deixa buraco, minha gente, bora!”.
A acampada faz parte dos cerca de 2 mil militantes da Coluna Prestes, composta pelos estados do Sul e Sudeste do país. Outra coluna, com cerca de 1.500 pessoas, também caminha em paralelo rumo à Brasília. Os marchantes devem chegar na capital federal para acompanhar o registro da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva.
Na Coluna das Ligas Camponeses que saiu em Marcha da cidade de Formosa – GO, encontramos o jovem Hércules Santos, de 21 anos, um agitador, na Marcha Lula Livre, puxa palavras de ordens, faz batucada e canta. Negro, gay, nordestino e do candomblé o jovem baiano é filho de assentados e vive no Acampamento Abril Vermelho, em Juazeiro (BA). Desde aos 17 anos, é babalorixá — ou pai de santo, como também é conhecido o sacerdote de religiões afro-brasileiras. Hércules marcha, por justiça, pelo fim do racismo, da intolerância religiosa, do macrhismmo, da lgbtfobia, e por democracia e pelo direito de Lula ser candidato.
A luta pela terra, pela reforma agrária é uma luta da família, na marcha temos famílias, casais que lutam juntos todos os dias.
Fernanda Silva e Wilson Leonel são da coordenação regional do MST em Alto Parnaíba MG, vivem no Acampamento Quilombo Dandara na luta pela terra. Wilson conta que caminha na Marcha Lula Livre por igualdade e por liberdade para a classe trabalhadora, que está perdendo seus direitos. Além disso, ele fala do sonho coletivo “de lutar por todos, e da necessidade de lutar pelos trabalhadores da cidade também, para conquistar a reforma agrária popular e o Lula Livre.”
Ele marcha ao lado de Fernanda, sua companheira a três anos. “Eu amo marchar do lado da minha companheira, me dá orgulho construir essa marcha junto, principalmente porque sei que acreditamos em um novo projeto de Brasil para classe trabalhadora, esse momento vai ficar pra sempre com a gente na história.”
Fernanda conta que estar lado a lado com Wilson a deixa mais forte, e brinca que já está na hora de pensar em ter sem terrinhas “pra luta continuar”. Parte do setor se formação em MG, Fernanda conta que “Nós estamos marchando porque acreditamos num novo projeto de país, tem que acreditar, se não você não marcha não, é necessário acreditar. E é por isso que cada sem terra saiu de suas casas pra vir pra Brasília”.
Wilson tem 10 anos de MST e está com Fernanda há 3 anos. Este também é o tempo que ela participa do Movimento. “Começamos devagarinho, e de repente eu estava inserida e feliz no MST”, conta Fernanda.
Fernanda faz 36 anos na marcha hoje, dia 12 de agosto, e conta que é uma alegria comemorar esta data ao lado dos companheiros do Movimento e na luta por reforma agrária popular e por Lula Livre.
Uma outra família entre as fileiras, rumo a Brasília é o casal Luis Fernando e Valeska Sales, eles marcham com os dois filhos. Acampados em Itatiaia do Sul, região metropolitana de Belo Horizonte, estão na marcha pela Coluna Prestes que reune os estados do sul e sudeste. Ambos se mostram firmes e contentas pela tarefa de caminhar. “É uma tarefa pesada, mas precisamos por os pés na estrada. Marchamos por um Brasil melhor sem corrupção e por mais diretos”. Agitou Luis Fernando.
A Marcha Nacional Lula Livre é uma verdadeira defesa da democracia, das diversidades, da família. A manifestação segue até dia 15/08 quando será registrado a candidatura do ex-presidente Lula.
*Com informações do Brasil de Fato
**Editado por Reynaldo Costa