Após ameaça de despejo, famílias Sem Terra trancam rodovias na Paraíba

“O trancamento das vias é a única alternativa para resistir e permanecer na área que já está produzindo”, afirma dirigente do MST
29407694597_673f55a810_z.jpg
Famílias trancam BRs contra liminar de despejo. Foto: Divulgação MST

 

Por Thaís Peregrino
Da Página do MST

 

O Acampamento Arcanjo Berlaminio, localizado no município de Pedras de Fogo, na Paraíba, recebeu na manhã desta última terça-feira (28), um mandato de reintegração de posse. Composto por 600 famílias Sem Terra, o que faz do acampamento um dos maiores do estado, o mandato deixou a todos em estado de alerta. 

Em resposta a liminar de despejo, na manhã desta quarta-feira (29), as famílias realizaram o trancamento das Brs 101 e 230 nas proximidades de Pedras de Fogo, em denuncia ao mandato de despejo e para exigir uma audiência com representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Secretaria de Direitos, Polícia Militar do Estado e do poder privado responsável por mover a ação.

“A manifestação com o trancamento das vias é a única alternativa para resistir e permanecer na área que já está produzindo”, afirma Orlando da Silva, integrante da direção do MST na Paraíba.

Segundo Silva, o Incra foi solicitado várias vezes para realizar a vistoria na área, porém fechou os olhos para os camponeses. “Se acontecer o despejo, as 600 famílias perderão toda essa trajetória de resistência e cultivo por isso a única saída é pressionar e resistir”, pontua.

30476892678_deed9a61d5_o.jpg
“Trancar as rodovias é a única alternativa”,
destaca dirigente do MST.

Liminar de despejo

A ação foi movida pela empresa Mamoaba Agro Pastoril S/A e garantida pela Vara de Feitos Especiais da Capital, que determinou a desocupação imediata e autorizou a reintegração através da força policial, caso as famílias não saiam da área no prazo determinado. 

Nesse sentido, a direção do MST na região denuncia o poder Judiciário, que é conivente com os interesses do poder privado, e o Incra, que também mostrou descomprometimento com os trabalhadores rurais. Além disso, continua denunciando a improdutividade da área e seu abandono por parte da empresa Mamoaba.

Produtividade

Após ocupação pelas famílias Sem Terra, uma diversidade de alimentos saudáveis já estavam sendo comercializados nas cidades da região. Segundo as famílias, foi possível ressignificar a área com o plantio de macaxeira, hortaliças, feijão, milho e as mais variadas culturas. 

Em julho deste ano, a ocupação comemorou seu primeiro ano de resistência com um festejo organizado pelos acampados, onde foi reafirmado o sentimento de solidariedade e companheirismo, que acompanham diariamente a luta das famílias.

“Em um ano de ocupação, os trabalhadores e trabalhadoras fizeram o que o latifúndio nunca fez […]. Hoje, as famílias produzem em cerca de 1.500 hectares”, finaliza Silva. 

IMG_3241.JPG
Entrada do Acampamento Arcanjo Berlaminio, em Pedras de Fogo (PB). Foto: Divulgação MST

 

*Editado por Wesley Lima