Rede Ecovida certifica primeira propriedade em assentamento no Paraná

Desde 2016, Vera vem seguindo todo o processo de orientação, com oficinas, aulas teóricas e práticas de manejo
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Fotos: Sandra Costa 

 

Por Sandra Costa e Maria Francelino
Da Página do MST 

 

Na última terça feira (11) a rede EcoVida de certificação orgânica, avaliou e legalizou como produção orgânica a horta de Vera Lucia Oliveira Santos, assentada na comunidade Eli Vive em Londrina (PR).

Vera Lucia é membro do coletivo de mulheres “As Camponesas Eli Vive”, mãe de dois filhos, avó de quatro netos e já está no MST há 11 anos. A camponesa de Identidade Sem Terra junto de sua família, está produzindo em 3,5 alqueires diversas variedades de produtos sem contato com agrotóxicos mas, a princípio, conforme os processos legais, a sua horta de 80m por 80m estava sendo regularizada.

A Rede EcoVida constitui-se em nível Regional, compondo três estados (PR,SC,RS), com 27 de núcleos de produtores, no PR, na Região Norte existe o núcleo Peroba Rosa, de 10 famílias.

A visita ao lote foi necessária para a verificação de conformidade e certificação. Desde 2016, Vera vem seguindo todo o processo de orientação, com oficinas, aulas teóricas e práticas de manejo e, após dois anos de acompanhamento, Vera Lúcia passou a ser a primeira Camponesa do assentamento produtora de comida livre de agrotóxicos.

“Conhecemos a Giovana da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e falou da Rede EcoVida e das aulas de como fazer caldas e combater doenças,então me interessei, junto como coletivo de mulheres aprendi sobre o debate da agroecologia e da vida saudável que se cria em torno da prática “ nos contou Vera Oliveira.

“Amar o campo, ao fazer a plantação, não envenenar o campo é purificar o pão, amar a terra e nela plantar semente, a gente cultiva ela, e ela cultiva a gente”. O trecho da música de Zé Pinto cantada em vários espaços do MST, remete aos camponeses o verdadeiro sentido de ser camponês, o amor a terra e a consciência que cuida dela remete a vida saudável.

“Eu não precisarei de jogar veneno na terra e daqui a alguns anos não precisarei de comprar veneno em farmácia para repor o estrago que teria feito com minha vida,ainda vou ter a alegria de dizer para meu consumidor, que aquela comida não fara mal a ela”, completou Oliveira.

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Para Sandra Costa uma das coordenadoras do assentamento, tornar cada pedaço de terra, uma plantação orgânica significa ser fiel aos princípios de Reforma Agrária Popular construído pelo MST.

“Verá está dando um exemplo de resistência ativa, porque o simples gesto de cuidar da terra e nela não usar veneno nos mostra como a luta faz a diferença”, diz.

Vera entrega seus produtos por meio do projeto do coletivo de mulheres “Sacolas Camponesas”,em feiras e para o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Após o ato de certificação, todos aproveitaram de uma mesa farta de comida preparada pelas mulheres do coletivo.