Robert Torrealba: “A posse de hoje é a expressão do resultado das urnas”
Da Página do MST
Nesta quinta-feira (10), em meio à uma grande crise política e econômica, que assola o país há mais de quatro anos, Nicolás Maduro, reeleito em maio de 2018, com 68% dos votos, foi empossado.
Assim como em diversos outros países, na embaixada da Venezuela, em São Paulo, representantes de partidos políticos e movimentos populares se reuniram para assistir o juramento à Constituição – que foi realizado no Supremo Tribunal de Justiça, diante de milhares de venezuelanos e de líderes internacionais – e para reafirmar o apoio à soberania nacional do país, que é uma marco de resistência em toda América Latina.
Desde que assumiu o poder, logo após a morte do ex-presidente Hugo Chavéz, Maduro enfrenta o desafio de reconstruir um país tomado pela crise econômica e social, pelo fortalecimento da oposição e pela interferência internacional.
Alguns países, entre eles o Brasil, na figura do atual presidente eleito, não reconhecem o governo de Maduro alegando fraude eleitoral.
Vale ressaltar que na Venezuela, a Constituição define que a cada seis anos devam ser realizadas eleições democráticas no país. Essa mesma Constituição não estipula uma data, logo, em meio ao aprofundamento da crise, o pleito que tradicionalmente acontece no último trimestre no ano, foi antecipado para maio.
Para falar sobre esse processo e as expectativas, conversamos com o cônsul-adjunto da Venezuela em São Paulo, Robert Torrealba. Para ele o mais importante agora é que a vontade do povo possa ser respeitada: “A única coisa que a Venezuela exige de qualquer país no mundo é respeito. Respeito a nossa soberania e as decisões populares do governo”.
Acompanhe:
O presidente Nicolás Maduro afirmou que 2019 será o ano da pacificação e da recuperação. O que o povo venezuelano pode esperar no próximo período?
A posse de hoje é a expressão do resultado das urnas. Uma eleição que contou com a participação massiva da população, só pode ser resultado de um processo democrático e livre. Desde o primeiro mandando do presidente Maduro, ficou evidente sua disposição em trabalhar para a recuperação econômica da Venezuela, porém, diversos fatores e variáveis que contam com a contribuição de setores antidemocráticos, têm afetado esse progresso. Não duvidamos que, a partir do segundo mandato, Maduro trabalhe ainda mais para trazer o bem econômico à todos os venezuelano, independente de sua posição política.
“Uma eleição que contou com a participação massiva da população, só pode ser resultado de um processo democrático e livre”
Recentemente, o Grupo de Lima, que conta com a participação do Brasil na figura do chanceler, Ernesto Araújo, indicado por Jair Bolsonaro, afirmou que não vai reconhecer o governo de Maduro. Qual a posição do país frente a essas declarações?
O Grupo de Lima se constituiu com um único objetivo: desenvolver atividades ingerencistas na Venezuela. A Venezuela não reconhece o Grupo de Lima, não reconhece a sua agenda e nem os seus propósitos. Diante disso, o impacto interno das posições desse grupo é inexistente.
Mesmo diante da prerrogativa de melhora social e econômica do último período, a Venezuela ainda sofre com as sanções aplicadas pelo Estados Unidos. Como isso afeta a recuperação do país?
Hoje, o resultado dessas sanções econômicas são evidentes. Em todas as oportunidades, o presidente tem denunciado o impacto disso sobre o crescimento econômico do país. Tudo isso faz parte de um roteiro muito bem desenhado desde o início do primeiro mandado para impedir a continuidade do governo bolivariano na Venezuela. Nós acreditamos que isso vai continuar, o próprio governo dos Estados Unidos afirmou que vai continuar por esse caminho. De nossa parte, estamos preparados para resistir, com o apoio da população e de nossa estrutura de governo.
Como Maduro pretende lidar com a oposição a partir de agora?
Em primeiro lugar a oposição na Venezuela precisa abandonar as estratégias antidemocráticas para chegar ao poder. Precisa ouvir a população, precisa ter uma agenda aberta que respeite a constituição e as leis. O chamado que o presidente Maduro fez no início de 2019 de conversação com essa oposição desde que eles abandonem o esquema antidemocrático para chegar ao poder. O país, o presidente e o governo estão prontos para garantir o processo de aproximação com os setores democráticos.
Qual a posição do país em relação aos países críticos ao governo?
A única coisa que a Venezuela exige de qualquer país no mundo é respeito. Respeito a nossa soberania e as decisões populares do governo. Esse deve ser o único caminho a seguir a partir de agora, caminho esse que garantirá a retomada do crescimento econômico e social do país.
“A única coisa que a Venezuela exige de qualquer país no mundo é respeito”