Famílias Sem Terra sofrem ameaças de despejo no norte da Bahia

A liminar, expedida em maio de 2018, ignora totalmente o processo de compra da fazenda encaminhado pelo PNCF
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Fotos: Márcia Mascarenhas 

 

Por Rarielle Gomes
Da Página do MST 

 

Cerca de 60 famílias que há nove meses estão acampadas na antiga fazenda São Francisco estão sofrendo com ameça de despejo. 

A reintegração de posse que favorece a empresa Moxx Frutas Tropicais LTDA, foi  autorizada pelo Juiz Adriano Espíndola Sandes, da comarca de Casa Nova, Bahia. 

A liminar, expedida em maio de 2018, ignora totalmente o processo de compra da fazenda encaminhado pelo Programa Nacional de Credito Fundiário, a tramitação certifica que a fazenda em questão está em negociação entre o governo do estado e verdadeiro proprietário.

A empresa Moxx Frutas Tropicais LTDA, que antes da ocupação havia abandonado a fazenda por cerca de dois anos, produzia manga em grande escala, mas desativou a lavoura após parar de pagar seus funcionários. Por conta dessa ação a empresa possui atualmente 70 processos trabalhista abertos no Ministério Público.

Em apenas nove meses já são cultivados no acampamento mais de 50 hectares de abóbora, melancia, feijão, milho, macaxeira, batata, mamão, pinha, acerola, além de galinhas, ovinos e caprinos.

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“Entrar no Eldorado do Carajás mudou a minha vida, agora eu produzo meu próprio alimento para ajudar a minha família e comunidade”, relata Antonino Oliveira.

Para além da produção, há outros aspectos que preocupa as famílias ali acampadas, a moradia e escola para os seus filhos. Hoje dentro do acampamento funciona escola com alunos de educação infantil, fundamental 1 e Educação para Jovens e Adultos (EJA), que pode ser interrompida por conta do despejo.

“A forma como o processo está sendo conduzido é arbitraria, estamos lutando por uma terra que não é da empresa Moxx Frutas Tropicais LTDA e até hoje não fomos ouvidos”, explica Lidiane Gomes, da direção estadual do MST.

E completa:

“Os acampados voltaram a sonhar e a viver dignamente com condições reais de existência, proporcionando alimento saudável e ensino de qualidade para seus filhos, sabemos que essa ação está cheia de irregularidades, e, por isso, continuaremos a resistência, finaliza.