Em área da Reforma Agrária, Romaria da Terra evidencia a alimentação saudável

Tema da 42ª edição do evento dialoga com uma das principais pautas defendidas pelo MST
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Foto: Leandro Molina

 

Por Leandro Molina
Da Página do MST
 

 

Devoção, fé, defesa da alimentação saudável e protestos contra a retirada de direitos. Esse foi o tom dos romeiros que participaram da tradicional Romaria da Terra do Rio Grande do Sul, realizada sempre na terça-feira de Carnaval. A 42ª edição aconteceu no Assentamento Conquista da Luta, do MST, no município de Itacurubi, localizado na região das Missões e a mais de 500 quilômetros de Porto Alegre. O tema da Romaria deu destaque este ano à alimentação saudável, com abordagem sobre o modelo de organização e produção no campo, em contraposição ao atual modelo do agronegócio.

 

O sol forte não impediu que cerca de 5 mil romeiros de todas as regiões do estado caminhassem cerca de 3 quilômetros com faixas, cartazes e cantos com palavra de ordem. Durante o trajeto, foi lembrado que a sociedade deve defender como direito a produção e o consumo de alimentos saudáveis. Conforme o MST, é preciso estimular a agroecologia, um modelo de agricultura que se contrapõe ao agronegócio e é capaz de gerar emprego no campo, produzir diversidade de alimentos sem agrotóxicos, respeitar a vida e garantir a sucessão familiar.

 

Na chegada ao assentamento houve missa campal, que também tratou do tema da alimentação saudável. Depois, na Tribuna Popular, camponeses e representantes de diversas organizações destacaram a perda de direitos por meio da proposta de Reforma da Previdência de Bolsonaro. Essa é considerada pelos movimentos populares como prejuízo aos trabalhadores, principalmente às mulheres, pois os fará trabalharem mais e receberem menos.

 

Outro ponto muito criticado foi o fato de que brasileiros vivem menos em regiões pouco desenvolvidas, e não desfrutarão do benefício merecido. “Não podemos aceitar essa mudança na Previdência pública que só prejudica o trabalhador. Vamos ampliar as mobilizações, no campo e na cidade, ir às ruas e evitar que o Congresso concretize essa reforma sem qualquer diálogo com o povo”, declarou o deputado estadual Edegar Pretto (PT), tradicional romeiro.

De acordo com a coordenação da Romaria da Terra, ao completar 42 anos, a atividade itinerante reforça seu status de referência na celebração em defesa de lutas populares e reivindicações de direitos dos trabalhadores e de temas que importam a toda a sociedade.  Esta foi a primeira vez que Itacurubi recebeu o evento, promovido pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). A 42ª edição teve o apoio do MST, da Diocese de Uruguaiana, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da prefeitura do município. Além da caminhada e celebração, a Romaria também contou com partilha de alimentos, tendas com exposição e venda de produtos variados.

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Assentamento do MST também acolheu o Acampamento da Juventude
Foto: Divulgação Romaria da Terra.j

A sede da Romaria

O Assentamento Conquista da Luta foi criado em 18 de dezembro de 2006, em uma área de 3.730 hectares. Ele está situado a 20 quilômetros do perímetro urbano de Itacurubi. As 160 famílias que lá vivem produzem diversidade de alimentos para autoconsumo e lidam, principalmente, com leite e hortaliças orgânicas para comercialização.

 

O local também acolheu o 14º Acampamento da Juventude da Romaria da Terra, que reuniu cerca de 200 jovens de diversos municípios. Teve espaços de formação, reflexão e organização dos jovens que buscam construir uma nova sociedade, com valores de comprometimento com a terra, a permanência no campo e a produção de alimentos saudáveis.