UFPR e Escola Latinoamericana de Agroecologia formam 1ª turma de Licenciatura em Educação
Por Antônio Kanova
Da Página do MST
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) concretizou a conquista de trabalhadores e trabalhadoras que lutaram coletivamente por uma educação do campo. Aqueles e aquelas que sempre tiveram o direito ao acesso a universidade historicamente negado tornam-se educadores e educadoras do campo.
Nesta terça (12/03), aconteceu no Casarão histórico do assentamento Contestado, na Lapa (PR), a formatura da primeira turma de Licenciatura em Educação do Campo, Ciências da Natureza e Agroecologia. O curso é uma parceria entre a UFPR Setor Litoral e a Escola Latinoamericana de Agroecologia (ELAA) – localizada no assentamento.
Com início em 2014, a licenciatura teve como objetivo formar educadores e educadoras para as áreas de assentamento e comunidades camponesas. São 19 formandos e formandas, oriundos de cinco estados brasileiros, que através da pedagogia da alternância puderam realizar uma formação de nível superior. A metodologia consiste em organizar o ensino em “tempo escola” e “tempo comunidade”, com a finalidade de combinar as diferentes experiências formativas no local de estudo e também na comunidade dos educandos.
O curso é fruto da Articulação Paranaense por uma Educação do Campo, que reúne movimentos sociais, universidade, sindicatos e entidade rurais e é um marco importante na história da educação do campo. A longo prazo a articulação pretende construir ações coletivas contra o fechamento de escola do campo e à favor da organização de escola do campo.
De acordo com a coordenadora pedagógica da ELAA, Simone Resende, a formatura foi o momento de colher os frutos plantados. “Nessa disputa constante de uma universidade popular e por uma educação do campo, a licenciatura vai além de formar educadores e educadoras e cumpre o momento de partilha do conhecimento científico camponês nessa batalha do conhecimento” afirmou.
Já o formando e educador Vinicius Oliveira defendeu que, como a universidade sempre foi um espaço de disputa de projeto, nesse momento é importante formar educadores populares que fincam dentro da universidade um conhecimento científico camponês. “O curso trouxe estudantes para a realidade os desafios e as potencialidade que eu, como educador de escola itinerante, vinha enfrentando no cotidiano de sala de aula”, explicou.
A formação incluiu pessoas que venham de áreas de assentamento, comunidades camponesas, faxinais e atingidos por barragens. O ato cerimonial de formatura contou com a participação do diretor da UFPR Setor Litoral, Renato Bochicchio, lideranças dos Movimentos Sociais e familiares dos formandos.
*Editado por Fernanda Alcântara