Via Campesina forma tecnólogos e tecnólogas em agroecologia
Por Antonio Kanova
Da Página do MST
Foram três anos de estudo aperfeiçoando técnicas e aprendendo com a natureza e com os camponeses. A cada etapa do curso, um novo conteúdo cheio de desafios e uma nova experiência na defesa da agroecologia. Esta foi a rotina dos 45 educandos e educandas vindos do Brasil, Paraguai, Bolívia, Argentina, Chile e Republica Dominicana, que se formaram neste sábado (27), na ELAA (Escola Latinoamericana de Agroecologia), Lapa Paraná.
O curso aconteceu no assentamento Contestado, símbolo na produção agroecológica. O espaço proporcionou troca de experiências e vivências com as famílias, contribuindo no processo de formação técnica e humana dos estudantes e as atividades desenvolvidas pela própria turma.
As pessoas formadas representavam 17 movimentos sociais, que vêem na agroecologia um contraponto ao agronegócio. Partindo da necessidade de formação técnica em agroecologia, a Via Campesina, através da ELAA no Brasil, buscou construir uma parceria com o IFPR (Instituto Federal do Paraná), PRONERA (Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária) para em 2015 dar início a IV turma de Tecnólogo em Agroecologia.
Ser agroecólogo e agroecóloga é estar compromissado com a Luta por um mundo mais justo e humano. O objetivo era tornar essencial a visão da agroecologia como um passo importante para avançar na construção de uma produção camponesa, onde natureza e seres humanos possam viver em harmonia.
“A agroecologia é nossa mais importante ferramenta de resistência e enfrentamento a esse modelo predatório do agronegócio. Me sinto muito grato por ter sido formado nesse espaço, construído a partir da organização e da luta dos movimentos sociais. Saio daqui muito mais fortalecido e capacitado para enfrentar esse período tão adverso que vivemos”, afirmou Diego Fraga, formando em agroecologia.
Para Yoseth Crispin, do Movimento de Mulheres Campesinas Bartolina Sisa da Bolívia, “é importante formar porque assim empodera a classe trabalhadora de técnicas cientificas em relação com os saberes populares”, afirmou.
O curso formou técnicos e técnicas que vão atender a necessidade da prestação de assistência técnica em comunidades camponesas, resgatando os conhecimentos tradições e avançando para uma soberania alimentar tendo como matriz produtiva a agroecologia.
Para Simone Rezende, coordenadora da ELAA, o curso contribuiu em “potencializar o acesso ao conhecimento cientifico, formando e capacitando técnicos para desenvolver processos de produção agroecológicas com os camponeses, fortalecendo os processos existentes e criando transições agroecológicas”.
O curso é fruto da luta dos Movimentos da Via Campesina que conseguiram conquistar o direito ao acesso à educação para os camponeses. E hoje a formatura é a colheita deste fruto, como ressalta Ceres Hadich, que representou a Via Campesina. “Estamos celebrando mais uma colheita de uma turma de jovens comprometidos com a construção de um mundo melhor, lutando por cada direito que nos foi tirado e negado, recolocando nas mãos dos povos.”
O ato de formatura teve presença do reitor do IFPR, Odacir Zanatta, que concedeu a outorga de tecnólogo e tecnóloga em agroecologia à turma e também assumiu o compromisso de dar continuidade a parceria de novos educandos. “Vamos buscar recursos para abrir a 5º turma de agroecologia, dando continuidade a esta rica experiência”, afirmou Zanatta.
Além do reitor, que presidiu a sessão de formatura, estiveram presentes Ciro Fernandes, representando o PRONERA no Paraná, João Claudio Madureira, coordenador do curso pelo IFPR, além do Deputado Estadual no Paraná Tadeu Veneri e o Vereador no município da Lapa Josias Camargo.
Editado por Fernanda Alcântara