Despejo na Chapada Diamantina é retrato do Brasil comandado pelo latifúndio
Na segunda – feira, dia 21 de abril, os Sem Terra acamparam em outra propriedade. Desde então, as famílias vêm sofrendo várias ameaças por parte de representantes dos proprietário. O local também está sendo constantemente monitorado por pistoleiros fortemente armados.
Bom ressaltar também que o Estado que se comprometeu em garantir proteção à infância, ao idoso e à pessoa com deficiência, mais uma vez falha em sua missão constitucional, pois este público que também compõe as famílias acampadas está sendo duramente atacado.
Mesmo diante das irregularidades, diversos pedidos de reintegração de posse foram proferidas, impondo às famílias cinco despejos nos últimos cinco anos.
A última sentença de 12 de dezembro de 2018 concedida pela juíza Louise de Melo Cruz Diamantino Gomes, confirmou decisão liminar, reintegrando a proprietária na posse do imóvel: (…) julgo totalmente procedente o pedido, com fulcro no art. 487, I CPC, para reintegrar o autor na posse do imóvel fazenda Santa Maria, objeto da lide, bem como determinar aos réus que se abstenham de praticar qualquer ato destinado a molestar a posse do autor(…).
Fica evidente que a inércia do Estado em cumprir com o mandamento constitucional de fazer Reforma Agrária fortalece a violência e as injustiças no campo. A resistência dos poderosos na democratização da terra é antiga no Brasil. A concentração de terras, seja na omissão ou na prática de atos brutais também se mostra presente ao longo de nossa história.
A campanha de Jair Bolsonaro contra o MST e sua incitação à violência do latifúndio, também explicam a situação vivenciada pelas famílias do acampamento Olga Benário. Nessa trama, são aliados setores do Estado e proprietários de terras.
Enquanto nenhuma providencia é tomada pelo Estado, as famílias seguem resistindo.
Setor de Direitos Humanos do MST – Chapada Diamantina