No Ceará, participação das crianças Sem Terra encerra VI JURA

Atividade de encerramento aconteceu no auditório central da Universidade Estadual do Ceará (UECE)
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Crianças Sem Terrinha destacam a importância de viver no campo – Fotos: Aline Oliveira

Por Aline Oliveira
Da Página do MST

 

Na noite desta quarta feira (08), o Movimento dos trabalhadores(as) Rurais Sem Terra (MST) realizou o encerramento da VI Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária. A atividade aconteceu no auditório central da Universidade Estadual do Ceará (UECE), campus Itaperi, e contou com cerca de 100 participantes entre estudantes, professores, militantes do MST e apoiadores da luta pela Reforma Agrária.

A mesa de abertura começou por volta das 19 horas com o tema: “30 Anos MST no Ceará: O futuro já chegou”, debatida pelo vice-reitor Hidelbrando dos Santos; José Ricardo Basílio, do MST e da Expressão Popular; e Luz Marin, militante do MST.
 

Hidelbrando Sousa destacou a VI Jornada em Defesa da Reforma Agrária como um importante espaço no fortalecimento da luta em defesa da educação pública. “Precisamos de fato estreitar as relações entre as organizações populares e a academia. As universidades precisam de um choque de democracia para entender quem são seus aliados e despertar dentro da comunidade acadêmica a vontade de construção de um novo projeto de país, com a educação como um bem público”, afirmou.
 

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Fala de José Ricardo Basílio,
do MST e da Expressão Popular

Luz Marin relatou um pouco da história do MST no Ceará, das principais conquistas e dos desafios da classe trabalhadora na atual conjuntura. “Durante os 30 anos de lutas, conquistas e resistência do nosso movimento, temos muitas historias construídas por muitas mãos. A terra foi o primeiro passo, porém muitas outras conquistas vieram a partir de muita luta, como as escolas do campo, as agroindústrias, as rádios comunitárias, a realização de nossas feiras da Reforma Agrária, as jornadas universitárias, os festivais juninos e de arte e cultura, os curso formais pela UFC e UECE”.

Marin também ressaltou Copa Estadual da Reforma Agrária, concluída este fim de semana no Ceará. “Nesse ultimo ano construímos a nossa I Copa Estadual da Reforma Agrária, onde envolvemos mais de 150 equipes de diversos assentamentos e acampamentos de todas as regiões do estado. Nesse sentido, não podemos ignorar a importância de cada um e cada uma de vocês na construção do MST nesses 30 anos. A Reforma Agrária Popular deve ser abraçada como uma luta de todos/as, agradecemos imensamente a todos que, de alguma forma, vem contribuindo nessa construção”.
 

Foi conduzida em seguida uma mesa composta por crianças Sem Terrinha, destacando a importância de viver no campo e o conceito de ser um Sem Terrinha. Foi uma oportunidade de socialização sobre o 1º Encontro Nacional dos Sem Terrinha, que aconteceu em julho de 2018, em Brasília, onde também houve a leitura do manifesto das crianças Sem Terrinha.
 

Júlia Gomes, do Assentamento Lagoa do Mineiro em Itarema, destacou que “ser Sem Terrinha é lutar pelos nossos direitos à educação, ao lazer e à produção de alimentos saudáveis sem o uso de agrotóxicos. Nossos pais estão na luta há muitos anos, e nós fazemos parte da luta para conquistar melhoria de vida e seguir derrotando nosso principal inimigo, que é o capital”.
 

A VI Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária teve abertura oficial no dia 5 de abril, com a mesa das matriarcas da luta pela terra no Ceará. O evento seguiu durante todo mês de abril e início de maio, com mesas de debates, cineclube, exposições fotográficas, oficinas em diversas áreas, feiras da Reforma Agrária e do livro, visitas a escolas do campo e visita ao Plebeu Gabinete de Leitura (importante espaço do Ceará), entre outros.
 

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Crianças falaram sobre o
1º Encontro Nacional dos Sem Terrinha

“A jornada Universitária nos possibilita fincar o pé nessas instituições que historicamente foram espaços de uma elite, de uma classe média que pouco conversou com a classe trabalhadora, que no desenrolar dos anos e das pressões feitas pelos movimentos populares. Aos poucos, este espaço vem se abrindo para o universo potente que é a vida no campo, e que se não fosse pelo MST, ainda continuaria nos moldes fechados”, afirma Romário Bastos, professor e doutorando em História Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
 

Segundo Bastos, as JURAs cumprem um papel importante para diminuir a distância dos trabalhadores e camponeses e a Academia, que sem este elo continuaria certamente utilizando os trabalhadores rurais como fonte de pesquisas. “A jornada tem o caráter de efetivar de fato o objetivo da classe trabalhadora sobretudo do campo, em reforçar que a educação pública é um dever do estado e um direito de todos e todas”.
 

No Ceará, a VI JURA acontece com a ampla articulação com universidades comprometidas com a questão da luta pela terra e pela construção da Reforma Agrária Popular, entre elas a Universidade Federal do Ceará (UFC); Universidade Estadual do Ceará (UECE), nos campus de Fortaleza, Limoeiro do Norte, Itapipoca e Crateús; Universidade Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB); Universidade Regional do Cariri (URCA) e  e IFCEs.
 

Esse ano a jornada teve como temas centrais os 30 anos do MST no Ceará e os 20 Anos da Editora Expressão Popular. As atividades realizadas tiveram sempre a banca da expressão com uma grande diversidade de livros, sempre destacando que o ano de 2019 será o ano de comemoração dos 30 anos de lutas, conquistas e resistências dos Sem Terra no Ceará.

 

Editado por Fernanda Alcântara