Projeto em Minas Gerais visa criar bateria de Carnaval do MST

Ideia é de Gustavo Caetano, que dará aulas nos acampamentos Pátria Livre, Zequinha e Maria da Conceição, em MG.
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Campanha busca criar bateria carnavalesca de assentamentos em MG – Foto: PH Reinaux/ Brasil de Fato

Por Alessandra Melo/ Sindicato dos jornalistas profissionais de MG
Da Página do MST

 

O Movimento dos Sem Terra (MST) não respira só política e luta agrária: a arte também é uma ferramenta de formação, organização e mobilização nos acampamentos e assentamentos do movimento. Tudo respira música, teatro, dança e outras formas de expressão cultural.
 

E agora o Movimento terá também sua própria bateria carnavalesca em Minas Gerais. O projeto foi desenvolvido em parceria com o jornalista Gustavo Caetano, coordenador e um dos fundadores do bloco Unidos do Samba do Queixinho. A Escola tem uma das maiores e melhores baterias da capital mineira, no estilo das tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro, fonte de inspiração e pesquisa.
 

Gustavo Caetano dará aulas voluntariamente uma vez por semana nos acampamentos Pátria Livre e Zequinha, em São Joaquim de Bicas, e no acampamento Maria da Conceição, em Itatiaiuçu. Segundo ele, a bateria precisa de roçar, ganzá, tamborim, repinique, caixa, surdos, afinadores, baquetas e talabartes.
 

“A intenção é usar a música para levantar a autoestima e integrar crianças, jovens e adultos dos acampamentos. Para isso, nada melhor que a música”, afirma Gustavo, que afirmou ainda que alguns instrumentos foram doados por integrantes dos blocos de carnaval da capital mineira e até mesmo de São Paulo.
 

De acordo com Guê Oliveira, militante do MST, “a intenção é fazer uma interface entre arte e política no processo de formação de crianças, jovens, adolescentes, mulheres e todos os sujeitos do processo de reforma agrária. “A arte é revolucionária”, destaca Guê.
 

A intenção é que a bateria já esteja afinada para o carnaval de 2019 e para participar das ações do movimento. Gustavo conta que já começou a reunir interessados em participar da bateria. Durante uma dessas conversas nos acampamentos, uma adolescente chegou a perguntar se ele também não podia dar aulas de violão. “Infelizmente não sei tocar violão, senão ensinava. Mas se alguém quiser somar com a gente e ensinar será maravilhoso”, ressaltou Gustavo.
 

Os três acampamentos estão localizados em terras improdutivas da mineradora MMX, do milionário Eike Batista, e reúne 850 famílias. Os acampados do Pátria Livre e do Zequinha fazem parte dos atingidos pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que contaminou o rio Paraopeba, usado como forma de sustento e lazer para os acampados ser contaminado.