Encontro de Educadores debate agroecologia e literatura nas escolas
Debate estimula da implementação do projeto pedagógico para as escolas do campo

Por Coletivo de comunicação do MST em Santa Catarina
Da Página do MST
Entre os dias 29 de maio e 02 de junho, cerca de 70 educadores e educadoras das áreas de reforma agrária da região sul se reuniram no Instituto Josué de Castro, em Veranópolis (RS). A formação continuada é parte fundamental para implementação do projeto pedagógico para as escolas do campo.
Além de troca de experiências sobre as escolas da região sul, os presentes dialogaram sobre como, a partir do diálogo sobre a alimentação saudável, avançar na construção da agroecologia também por meio das escolas.
Também foram debatidos os mecanismos para assegurar o direito a literatura aos que vivem no campo, diante da pergunta central sobre qual o papel que a escola pode desempenhar junto aos estudantes e na relação com os pais.
Os relatos das escolas denunciaram a investida dos governos federal, estadual e municipais em precarizar e fechar as escolas do campo. Estas permeiam desde a intensificação do trabalho, a diminuição do salário, a falta de expectativa de aposentar e mesmo de trabalhar com a mesma turma por mais de um ano.
Levantou-se também como tema a qualificação precarizada dos educadores que chegam nas escolas formados por cursos de educação a distância e voltado para o mercado e não para formar seres que pensem e construam suas vidas a relação com a prática. Esses relatos foram sempre permeado da necessidade de forçar a construção de alternativas.
As escolas presentes relataram que há muito desenvolvem experiências para dialogar sobre alimentação saudável. Elas, entendem que a relação entre teoria e prática é fundamental e que é diferente construir uma horta com fins de formação de um técnico e com finalidade de trabalhar conteúdos junto a disciplinas e potencializar uma relação diferenciada com a natureza.

Neste sentido, uma das participantes reforçou que “a agroecologia é parte de um projeto de sociedade, pois propõe reconstruir a relação do Ser Humano com a Natureza. Se as novas gerações não entenderem porque defender a agroecologia, elas não defendê-la. Por isso, é importante que as escolas entendam o que é agroecologia, reflitam e avaliem suas suas práticas sobre como estudar agroecologia nas escolas de educação básica”, afirmou .
Outro debate fundamental se deu em torno do direito a literatura e a biblioteca escolar. Poucos conhecem a lei de número 12.244 de 2010, que assegura que todas as instituições de ensino do país devem contar com biblioteca, e que nela deve haver “no mínimo, um título para cada aluno matriculado”.
Marcos Gehrke, professor da Universidade Estadual do Centro do Paraná (Unicentro), afirmou que no atual contexto, de ataque a educação pública, discutir literatura se torna ainda mais importante, pois “discutir literatura é discutir humanização”.
E continuou, “a escola deveria ser a casa da leitura e da escrita, ensinar as crianças e adolescentes a escrever, construir livros coletivamente, com os estudantes, com a comunidade. E a biblioteca deve conter essas produções, deve ser um lugar bonito, vivo, ocupado e construído coletivamente. Assim, o hábito da leitura e da escrita podem se tornar algo prazeroso, parte da vida cotidiana. Construir a biblioteca e assegurar o direito a literatura no campo é a proposta de uma escola como lugar de produção e sistematização de conhecimento”.
Os educadores e educadoras presentes saíram renovados do encontro e se comprometeram a continuar construindo as escolas do campo junto as comunidades do campo, numa relação direta entre escola e vida, desde a relação com o concreto da agroecologia, até a subjetividade presente na relação com a literatura.
*Editado por Fernanda Alcântara