8ª Regata Ambiental de Paquetes do assentamento Maceió
Por Aline Oliveira
Da Página do MST
As Regatas Ambientais de Paquetes do assentamento Maceió, em Itapipoca(CE), é tradição entre as populações da zona costeira. Consolidando práticas festivas e demarcação de território, a competição náutica é valorizada pelos assentados(as) e pescadores, pois celebra a cultura dos povos do mar, a resistência frente a especulação imobiliária e a degradação ambiental por parte dos empresários que desejam se apossar das terras.
A 8ª Regata Ambiental de Paquetes acontecerá nos dias 17 e 18 de agosto é uma realização do acampamento Nossa Terra e do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), em parceria com o Instituto Terra Mar e Centro de Estudos do Trabalho e Assessoria ao Trabalhador (CETRA), com o apoio do Governo do estado do Ceará.
Esse ano com o tema “Pesca Artesanal e Turismo Comunitário na Defesa do Território Camponês”, o evento guarda expectadores das comunidades vizinhas, entidades parceiras, bem como autoridades da região.
No dia 17 teremos a abertura a partir das 19h30 com mística seguida da noite cultural, com apresentações culturais como dança com os índios Tremembé da barra do mundaú, grupo balanço do coqueiro, dança do coco dos caitanos de cima e segue com música ao vivo com Lana Mara, Luiza Nobel e Romário Wesley.
Dia 18, a partir das 8 horas, haverá benção dos pescadores e às 10 horas gincanas e competições, atletismo, futebol e vôlei; a partir das 11 horas inicia a competição náutica com participação de cerca de 80 pescadores. Durante a competição também haverá show com a banda Los Manos e Romário Wesley. O evento contará ainda com barracas com a culinária da região.
“A 8ª Regata Ambiental acontece em uma conjuntura bem difícil pra classe trabalhadora. Nesse sentido, é um espaço de reafirmação da nossa identidade camponesa da luta e da resistência de um povo que não perde seus costumes e preserva sempre suas raízes e tradições. Será um espaço de festa de celebração dos 30 anos de lutas, resistências e conquistas do MST no Ceará, e momento de denunciar tantas injustiças cometidas por esse desgoverno que está destruindo os direitos da classe trabalhadora” afirma Renata Silva, militante do MST e da coordenação da 8ª regata ambiental de Paquetes.
Para chegar no local onde acontecerá a 8ª Regata é necessário seguir na CE 168 sentido praia da Baleia. Haverá placa indicando o caminho desde a entrada do assentamento Maceió até o acampamento Nossa Terra.
Acampamento Nossa Terra e o surgimento da Regata Ambiental de Paquetes
O acampamento Nossa Terra fica localizado dentro do assentamento Maceió, em Itapipoca. A ocupação aconteceu em 22 de fevereiro de 2007, a partir da iniciativa das famílias assentadas na tentativa de impedir a especulação imobiliária por parte de empresários que tinham intensão de transformar a área de praia do assentamento em grandes empreendimentos.
Livramento Gonçalves, assentada no assentamento Maceió, destaca a importância da luta e da resistência dos povos do mar e da construção das regatas de paquetes organizada pelas famílias do acampamento.
“Quando nós percebemos que a especulação imobiliária chegou aqui na nossa comunidade, nós nos desafiamos a enfrentar a luta para permanecer. Seguimos junto com muitas organizações em defesa da nossa terra e do nosso mar, não somente por nós, mas principalmente pelas futuras gerações, assim como nossos antepassados lutaram e nos deixaram herdeiros desse processo de resistência, decidimos lutar, ocupar a área e não permitir que tomassem nosso território”, afirmou.
A assentada defende que acampamento Nossa terra é fruto de uma ampla articulação com diversas organizações. “Aqui resistimos por que contamos com muitos apoios. A polícia derrubou nossos barracos, rasgaram nossa bíblia (que para nós é um símbolo de fé e de luta), mas todos estes ataques não nos derrotaram, a luta continua cada vez mais firme, fortalecendo nossa organização e procurando garantir nossa existência nesse território”.
E foi neste espírito de luta que a regata surgiu. “A ideia era realizar um evento que trouxesse as tradições de um povo que vive do mar, mas principalmente como espaço de denunciar as ameaças e ataques cometidos pelo capital imobiliário. A regata é sem dúvida um espaço de defesa de um projeto de vida que perpassa varias gerações, somos filhos nativos, homens, mulheres, crianças que tem a terra e o mar como vida, como espaço de resistência, e o MST é fundamental nesse processo de articulação, mobilização na defesa do nosso território”, concluiu Livramento.
*Editado por Fernanda Alcântara