Tulipa Ruiz: “A Jornada Agroecológica é fundamental para nossa existência”
Por Frédi Vasconcelos
Do Brasil de Fato
“Num momento tão apocalíptico da nossa sociedade, do país, é muito importante estar junto com quem pensa na terra, trabalha a terra, pensa em alimentação saudável, com quem entende e decupa as ancestralidades”. A afirmação é da cantora, compositora e ilustradora mineira Tulipa Ruiz Chagas, que deu um show na 18ª Jornada de Agroecologia, em Curitiba (PR), evento que será encerrado neste domingo (1º).
Antes de subir ao palco, instalado na Praça Santos Andrade, onde acontecem as palestras e atividades culturais da programação, Tulipa Ruiz falou com exclusividade ao Brasil de Fato sobre a importância de estar ao lado das trabalhadoras e trabalhadores, dos movimentos sociais, contou sobre o novo álbum Tu e a necessidade de se fazer “arte nesse momento sombrio do país”.
“A arte é um lugar de catarse, que maravilhoso que a gente tem esse lugar. Assim como estar perto dos movimentos sociais, estar nas ruas, estar com o povo, com os trabalhadores da terra; isso tem me pautado cada vez mais. Acho que a gente tem de se pautar nisso e se pautar em arte. Os jornais não estão com nada (risos)”, ironizou.
Confira a íntegra da entrevista:
Brasil De Fato: Qual a importância de estar aqui na Jornada de Agroecologia?
Tulipa Ruiz: Num momento tão apocalíptico da nossa sociedade, do nosso país, é muito importante estar junto com quem pensa na terra, trabalha a terra, pensa em alimentação saudável, com quem entende e decupa a ancestralidades. Estou aqui para somar com essa força desses trabalhadores de hoje. Essa jornada agroecológica é fundamental para nosso cotidiano, para nossa existência.
O que você pode falar do atual momento político?
A gente vive num desgoverno, onde se pautar para entender o que está acontecendo está cada dia mais difícil, onde a manipulação dos governantes e a manipulação midiática deixa a gente num a grande confusão e num grande retrocesso. E isso é muito perigoso. O que reforça a importância de um encontro como esse, para se aproximar e entender os movimentos populares, os movimentos sociais, porque eles que vão nos pautar.
O disco que você lançou se chama Tu, uma tentativa de se colocar no lugar do outro, de alteridade. Qual a importância disso neste momento?
A alteridade é uma palavra que a gente tem de interiorizar cada vez mais. O entendimento do outro tem a ver com entender sobre liberdade. Esses discursos de ódio que têm acontecido, essas intolerâncias e retrocessos têm a ver com essa falta de entendimento do outro. O Brasil é um país que precisa olhar para si, entender sua identidade, olhar para o outro e entender o que é diferente. Esse caminho entre eu e você, essa é uma das nossas maiores riquezas e é isso que nos conecta.
A arte se destaca em momentos sombrios, mas você queria estar vivendo isso hoje?
A arte é um lugar de catarse, que maravilhoso que a gente tem esse lugar. Assim como estar perto dos movimentos sociais, estar nas ruas, estar com o povo, com os trabalhadores da terra; isso tem me pautado cada vez mais. Acho que a gente tem de se pautar nisso e se pautar em arte. Os jornais não estão com nada (risos).
Edição: Cecília Figueiredo/ Brasil de Fato