Em discurso histórico, Lula fala sobre luta, esperança e perspectivas para o país

Lula afirma que percorrerá o Brasil para ouvir o povo
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Passagem de Lula em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, em comemoração à sua liberdade. Fotos: Guilherme Gandolfi  / Levante Popular da Juventude

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

Foram 580 dias até o grande reencontro do presidente Lula com o povo brasileiro. Em um discurso emocionante, diante de milhares de pessoas, além de líderes políticos, militantes e movimentos sociais. Desde às 9h, as pessoas já estavam mobilizadas em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP), para receber o ex-presidente com canções, abraços de solidariedade e respeito à grande figura que Lula representa.
 

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Lula começou seu discurso lembrando dos momentos antes de sua apreensão: “Muitos não queriam que eu fosse preso dia 7 de abril, e eu tive que persuadir vocês para ir, porque tinha a clareza de que era inocente”.
 

No discurso, Lula fez questão de ressaltar o quanto, em suas palavras, evoluiu politicamente nos últimos anos, relembrando que, ainda na década de 1970 tinha medo de falar politicamente. O que pode ser visto, quase 50 anos depois, é um Lula confiante, experiente e que sabe conversar com o povo. Segundo Lula, este tempo na Polícia Federal serviu para que ele se preparasse para “não ter ódio ou sentimento de vingança contra seus algozes”. 

Em relação ao Bolsonaro, Lula comparou sua trajetória de trabalho e luta com a aposentadoria ainda jovem do atual governo. Questionou, sobretudo, as políticas de Guedes em relação à economia e melhoras na qualidade de vida dos brasileiros. “Eu vi os dados do IBGE, e quase 50% da população vive com apenas R$ 413,00 por mês. Eu quero ver o ministro, o Bolsonaro, sustentarem uma família, comprar remédio, pagar transporte para trabalhar, pagar conta de luz e água com apenas 413 reais”.

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“Temos que ter coragem”, afirmou.
Foto: Guilherme Gandolfi  /
Levante Popular da Juventude

Lula também ressaltou sua biografia como político, enquanto Bolsonaro, em todo o seu tempo de deputado, fez apenas discursos “contra as mulheres, negros, a população LGBT e outras minorias”. Palavras de ordem e de esperança estiveram presente em todo o discurso.

“Não tem ninguém que conserte este país se a gente não quiser. Não adianta ficar com medo de miliciano, deles falarem de AI-5. Temos que ter coragem”, afirmou.
 

Solidariedade internacional
 

As lutas internacionais também foram destacadas no discurso em São Bernardo do Campo.

Para o ex-presidente, enquanto Guedes insiste em aplicar o modelo falido de Previdência do Chile, que leva à morte de muitos aposentados por falta de um salário mínimo, o povo chileno se levanta contra essas políticas neoliberais. Ele também citou as eleições na Argentina e na Bolívia, onde a esquerda tem se erguido mesmo com a oposição da direita não aceitando os resultados democráticos.

“É preciso deixar que o povo resolva seus problemas, democraticamente. [Donald] Trump não é xerife do mundo, nem da América, ele não pode interferir na vontade do povo. Ele, que comemorou a queda do muro de Berlim, agora quer construir um muro contra o povo pobre, e nós não podemos aceitar isso”, afirmou.

Lula terminou seu discurso com a promessa que percorrerá o Brasil para conversar com as pessoas e que fará uma carta aberta ao povo brasileiro.

O ato de São Bernardo do Campo mostrou um Lula com “tesão de 20 [anos], energia de 30 e experiência de 70”, que ressalta o papel da juventude, ao afirmar que “a luta é todo dia”: “Nós precisamos resistir e lutar. Resistir muitas vezes é atacar também, e não apenas se defender. Querem destruir o país, mas nós não vamos permitir”, finalizou.

 

*Editado por Wesley Lima