Requião quer que PM faça estágio com MST
Aniela Almeida, do correio do Povo
Intenção é fazer com que os policiais conheçam os problemas do campo
O governador do Paraná, Roberto Requião, disse ontem, durante audiência com integrantes do Movimento Sem-Terra (MST), que pretende promover estágios de policiais militares dentro de acampamentos. Sua intenção é modificar a relação entre a corporação e os trabalhadores rurais para evitar os conflitos no campo. “A violência surge do desconhecimento e do medo. A polícia tem que saber que o MST é um movimento social que não está em guerra com o Brasil e sim trabalha pelo interesso do país, mostrando seus problemas e abrindo caminhos”, justificou Requião.
O pronunciamento foi a resposta aos líderes sem-terra, que na ocasião entregaram uma pauta de reivindicações ao governador. “Queremos um policial mais bem preparado, que trate a questão agrária como um problema social e não como um caso de polícia”, disse José Damasceno, um dos coordenadores estaduais do MST.
Os integrantes do movimento também pediram empenho da Secretaria de Estado da Segurança para impedir que os fazendeiros formem milícias armadas contra as ocupações. Requião crê, no entanto, que a situação não é tão grave assim. Segundo o governador, a polícia já estaria investigando as ações de fazendeiros e as especulações não passam de “conversa mole”. Ele afirmou que o estado vai cumprir a obrigação de desarmar grupos hostis que surgirem dos dois lados. “O movimento vai contar com meu respeito, mas isso não significa complacência. Podemos trabalhar juntos, mas se houver divergências vamos discutir”, declarou.
A coordenação estadual do MST fez ainda pedidos para garantir assistência técnica para desenvolver a produção e manter a subsistência nos acampamentos e assentamentos, cursos de formação de professores para atuar nos assentamentos e uma estrutura que funcione como uma escola itinerante de ensino fundamental para as ocupações.