Incêndio criminoso destrói assentamento da CPT em PE

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Incêndio criminoso destrói acampamento da CPT em PE
19/10/2004

Neste final de semana, os agricultores ligados a Comissão Pastoral da Terra (CPT) acampados no Engenho Prado, na zona da mata pernambucana, foram vítimas de mais uma violência. Um incêndio criminoso atingiu os acampamentos Chico Mendes 1, Chico Mendes 2 e Itaquara, queimando cerca de 200 barracos que estavam as margens da rodovia PE 41 que liga Tracunhaém à Araçoiaba.

O acampamento fica cerca de um metro e meio de distância do plantio de cana e um metro da pista. Na ocasião da tragédia restou as famílias jogar o pouco que lhes restavam na pista dificultando involuntariamente o tráfico de veículos. Poucos minutos depois chegaram viaturas da Polícia Militar, Polícia Civil e do Exército. Diante da situação a polícia interrompeu o transito neste trecho da PE 41.

Em nota, a CPT coloca que “alertou as autoridades sobre a possibilidade do Grupo João Santos, proprietário da usina, de tocar fogo na cana de açúcar mesmo sabendo que moram famílias encostadas na plantação”. A superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no estado Maria de Oliveira esteve no local e, em entrevista para a imprensa, classificou o incêndio como criminoso, considerando que não se queima cana-de-açucar nesse horário e que o fogo foi colocado muito próximo aos barracos. O incêndio começou no sábado por volta de meio-dia.

As famílias ligadas a CPT reivindicam a desapropriação do Engenho Prado para reforma agrária há 7 anos quando houve a primeira ocupação. Os conflitos se acirraram em 2003 quando as famílias sofreram dois violentos despejos – 03 de julho e 01 de novembro – por parte da polícia militar. No dia 25 de novembro 4 engenhos do Prado foram desapropriados pelo presidente Lula. O Grupo João Santos entrou com Mandado de Segurança e conseguiu parar o processo que aguarda julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF).

Durante o incêndio, dois agricultores se queimaram sem gravidade e alguns tiveram intoxicação devido a fumaça. Os trabalhadores estão fazendo o levantamento dos prejuízos e pretendem processar os proprietários pelo ocorrido. Segundo a CPT, os sem-terra irão continuar morando à margem da rodovia até que o processo de desapropriação seja julgado pelo STF e espera a punição dos responsáveis por mais essa violência.