Acampamento em Sergipe é destruído por 150 policiais

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Acampamento em Sergipe é destruído por 150 policiais

20/10/2004

Mais um acampamento de trabalhadores rurais Sem Terra foi destruído a mando do governador do estado de Sergipe, João Alves (PFL): o Santa Rita do Gavião, localizado numa rodovia estadual que liga os municípios de Indiaroba e Umbaúba, sul do estado. A ação aconteceu na manhã de ontem (19), terça-feira. As 37 famílias estão acampadas há mais de três anos no local.

A destruição dos barracos ocorreu com 150 policiais militares, incluindo o Batalhão de Choque da capital. As máquinas utilizadas foram as do DER (Departamento de Estradas e Rodagem) – órgão que pediu a reintegração de posse. Além dos barracos, foi derrubada a escola do acampamento. Este é o terceiro despejo do Gavião.

As famílias organizaram a resistência com a solidariedade de assentados e acampados da região, reunindo em torno de 300 Sem Terra. Eles bloquearam a estrada, impedindo a ação dos policiais. O desbloqueio ocorreu somente no final da manhã, após acordo pela não-destruição dos plantios, que somam mais de 110 hectares. São diversas culturas, entre elas milho, feijão mandioca. O acampamento será reconstruído num local próximo à rodovia.

Rosa Luxemburgo

Essa é a segunda destruição de acampamento de Sem Terra em menos de um mês. Em 20 de setembro, foram derrubadas a escola e parte da plantação do Rosa Luxemburgo, localizado numa estrada municipal de acesso a uma área da Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão.

A ação foi realizada pelo Batalhão da Polícia de Choque do governo do estado de Sergipe e pela Polícia Federal, a pedido da direção da escola e autorizado pela Advocacia-Geral da União. É importante esclarecer que, em 15 de setembro, as cerca de 220 famílias, em cumprimento ao mandato de reintegração de posse, deixaram pacificamente a área da escola onde se encontravam e montaram acampamento na estrada. Nas negociações ficou acertado que seria preservada a produção, fato que foi descumprido – a plantação só não foi totalmente destruída pela resistência dos Sem Terra.

As cerca de 250 famílias de trabalhadores rurais estão acampadas desde 19 de junho. A área reivindicada pelas famílias está em completo abandono há mais de 15 anos, sendo terras férteis e bem localizadas – a 11 km de Aracaju.