Camilo Torres Restrepo

Com informações da Página Camilo Vive e Semanário Marcha

Há 40 anos, o sacerdote Camilo Torres Restrepo, morria em um enfrentamento entre a guerrilha e o exército da Colômbia. Fazia apenas quatro meses que havia se integrado ao Exército de Liberação Nacional (ELN) e ainda não tinha combatido: não tinha nem sua própria arma. Queria, em batalha, conseguir o instrumento que lhe permitiria ser um guerrilheiro, como todos. Entretanto, sua vida não era igual a de uma pessoa qualquer. Sua morte produziu um profundo impacto no país que ultrapassou as fronteiras colombianas.

Nascido em uma família rica de Bogotá, Camilo abandonou a faculdade de direito para responder a uma repentina vocação religiosa. Desde o seminário, sua preocupação pelos temas sociais foi evidente e depois de se tornar padre continuou seus estudos em sociologia. Como sacerdote compartilhou das angústias e misérias dos operários e das comunidades pobres urbanas. Como assessor da Lei de Reforma Agrária percorreu as comunidades agrárias, compreendendo a profundidades das dores dos camponeses sem terra e dos povos indígenas expulsos de seus territórios.

Com o fim de sua graduação, em 1959, se vinculou à Universidade Nacional, como padre e professor. E foi ali que estabeleceu as relações pessoais e políticas que o vinculariam cada vez mais à esquerda da época. Sua experiência como pároco e representante da igreja no Instituto Colombiano da Reforma Agrária o convenceram da urgência de mudanças drásticas no país.

Buscando respostas aos grandes problemas do país, chegou a compreender que para romper com a ausência de democracia e injustiça social é indispensável que haja uma mudança revolucionária. A unidade da classe popular é fundamental para a revolução que deve ser um dever moral para um verdadeiro cristão.

Em 1965, pouco depois de ser criado o Exército de Liberação Nacional (ELN), foi um dos fundadores do movimento político, Frente Unido. Isso despertou a ira da alta hierarquia eclesiática, que o expulsou do exercício sacerdotal. A Frente Unida mobilizou muitas pessoas, mas para surpresa de muitos, Torres decidiu ir para as montanhas e se integrar à guerrilha. “Me incorporei à luta armada. Das montanhas colombianas, penso em seguir a luta com as armas nas mãos até conquistar o poder para o povo. Me incorporei ao Exército de Libertação Nacional porque aqui encontrei os mesmos ideais da Frente Unida”, expressou Camilo Torres em uma carta enviada em 7 de janeiro de 1966.

Camilo Torres questionou a contradição entre marxistas e cristão, a qualificava como um truque para manter o povo dividido. Considerava sem sentido a discussão, porque “a alma é imortal, porque a fome, esta sim é mortal”.