Mário Lago
Mário Lago era um homem de múltiplos talentos. Como ator, atuou em mais de 100 filmes, novelas e minisséries. Compositor, ele teve gravadas pelo menos 140 das mais de 200 canções que assinou. Militante de esquerda, sofreu sua primeira prisão em 1933. Ao todo, Mário Lago foi preso 13 vezes, uma delas em 1978, por causa da montagem de sua peça Foru Quatro Tiradente na Conjuração Baiana. Ele escreveu o texto a partir de uma pesquisa sobre a Revolução dos Alfaiates, ocorrida em 1798, em Salvador, na qual quatro líderes foram enforcados e esquartejados. A peça foi censurada e ele preso.
Mário Lago começou a escrever para o teatro de revista em 1933. Em 1942, estreou como ator na companhia de Joracy Camargo. Foi também produtor de dramas radiofônicos, nos quais também atuou.
Em 1943, iniciou na rádio Panamericana e, no ano seguinte, mudou-se a Rádio Nacional.
A carreira na Rádio Nacional acabou 20 anos depois, com o golpe militar. A demissão da rádio por motivos políticos provocou um período de dificuldades financeiras. Para sobreviver, atuou em fotonovelas. Mas um veículo que estava em crescimento acabou abrindo novas portas para o ator: a televisão.
Ativista sindical, Mário Lago participou da grande greve dos radialistas do início dos anos 60. Depois do golpe de 64 e das duas prisões que sofreu, amargou um período de desemprego. Comendo o pão que o diabo amassou, foi ajudado por Dercy Gonçalves, que conseguiu levá-lo para a TV Exelsior.
Na política, o ator e compositor transferiu sua lealdade do PCB, no qual militou pela maior parte de sua vida, ao PT, para qual trabalhou fazendo propaganda a partir de 1999. Mas se as siglas mudaram, as crenças permaneceram: “um pais justo sem exploração do homem pelo homem”.
Sua última (e rápida) aparição da TV foi na novela O Clone. Mesmo doente, ainda escreveu 200 páginas de sua biografia Meus tempos de moleque.
Quando era perguntado sobre o medo da velhice e da morte, Mário Lago tinha uma resposta pronta: “Eu fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo. Nem ele me persegue e nem eu fujo dele. Qualquer dia a gente se encontra”. O ator, escritor, compositor, radialista e militante político morreu em 30 de maio de 2002 aos 90 anos.