Jornada Nacional de ocupações exige cumprimento do Plano Nacional de Reforma Agrária
Entre março e abril, famílias de trabalhadores rurais sem terra ligadas ao MST realizam ocupações e mobilizações em todo o país para que se cumpram as metas do Plano Nacional de Reforma Agrária. Até o momento, 33.411 famílias participam de 135 ocupações em 20 Estados.
O mês de abril é simbólico na luta pela terra e sempre marcado por muitas manifestações desde que em 17 de abril de 1996, 21 trabalhadores rurais foram assassinados e 69 mutilados em Eldorado de Carajás, no Pará. A partir de então, a Via Campesina transformou a data no Dia Internacional de Luta pela Terra.
Durante as mobilizações, o governo federal anunciou a liberação de uma verba adicional de 1,7 bilhão de reais para o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), atingido o nível de recursos reivindicado pelo ministro Miguel Rossetto.
Na avaliação do Movimento, a liberação de novos recursos para a Reforma Agrária mostra que o presidente Lula quer cumprir os acordos que firmou com o movimento de assentar 115 mil famílias este ano.
O membro da coordenação do MST, João Paulo Rodrigues, afirma, no entanto, que apenas disponibilizar o recurso não basta. “É preciso ainda contratar servidores para o Incra e realizar um amplo debate com o judiciário para que o programa de Reforma Agrária possa avançar, uma vez que a maioria das áreas em desapropriação está paradas nos tribunais”.
Veja abaixo a relação das ocupações realizadas até o momento:
Alagoas
Cerca de 1035 famílias ocuparam cinco fazendas no Estado.
Bahia:
Desde 23 de março, os Sem Terra da Bahia realizaram 11 ocupações no Estado, com a participação de 4.360 famílias. A maior delas foi realizada em Porto Seguro, com a participação de 3 mil famílias. Elas ocuparam a Fazenda Verecel em 5 de abril. As lonas pretas também foram fixadas em latifúndios de Arataca, Riachão das Neves, Guaratinga e Santo Amaro.
Ceará
Seis fazendas foram ocupadas por cerca de 810 famílias.
Distrito Federal
O acampamento Índio Galdino foi montado em 28 de março no Complexo Barreirinho. 300 famílias fazem parte desta ocupação. Outras duas áreas foram ocupadas no Estado e 490 pessoas participam, no total.
Espírito Santo
Em 18 de abril, 500 famílias ocuparam uma área em Luzilândia. As 192 famílias de Sem Terra, que ocuparam a fazenda Ypiranga, em Porto Belo, em 21 de março, continuam acampadas no local.
Goiás
Em 14 de abril, 630 famílias ocuparam a fazenda Perdiz, em Bom Jardim.
Maranhão
Duas fazendas, uma em Itapecuru Mirim e outra em Porto Franco, foram ocupadas por cerca de 450 famílias.
Mato Grosso
Três latifúndios foram ocupados por 1350 famílias trabalhadoras rurais.
Mato Grosso do Sul
Durante a Jornada, seis áreas foram ocupadas, com a participação de 1730 famílias. As famílias decidiram sair de duas áreas com a promessa do Incra de que as áreas seriam desapropriadas para a Reforma Agrária.
As áreas vistoriadas pelo Incra são suficientes para assentar as 8 mil famílias, a meta para este ano. No entanto, falta a verba do Governo Federal para realizar a desapropriação.
A mobillização dos Sem Terra garantiu a pressão do governo estadual junto ao governo federal para assentar três mil famílias até o final do primeiro semestre.
Minas Gerais
Cerca de 500 famílias participaram, em 16 de abril, de duas ocupações, uma em Almenara/Bandeira e a outra em Campo do Meio.
Na Grande Belo Horizonte, em Bambuí, mais de 50 familias ocuparam a fazenda Velho Cerradão. Estes Sem Terra fazem parte do acampamento Margarida Alves, que há mais de um ano estão na beira da estrada.
Ainda na Grande Belo Horizonte, mais 400 Trabalhadores e Trabalhadoras continuam bloqueando a Linha Férrea da Ferrovia Centro Atlântico Sul, no Acampamento 02 de Julho em Betim.
O Acampamento Olga Benário foi montado em 10 de março em Pará de Minas. A ocupação contou com 400 famílias. Até o momento, existem seis ocupações no Rio Grande do Sul, com 1120 famílias.
Pará
A fazenda da empresa Dendê do Pará S/A (Denpasa) foi ocupada por 921 famílias em 17 de abril. Outras duas ocupações também aconteceram na mesma data e até o momento há 2.566 famílias trabalhadoras rurais acampadas no Estado.
Paraíba
431 famílias participaram de cinco ocupações no Estado, nos seguintes municípios: Mulugu, SantaTeresinha, Arara, Massaranduba e Sumé.
Pernambuco
De 27 de março a 12 de abril, 8.275 famílias participaram de 32 ocupações em 28 municípios do Estado. A maior delas aconteceu na fazenda Boi Caju, em Inajá/Ibimirim e reúne mil famílias de trabalhadores rurais.
Piauí
Três áreas foram ocupadas por 380 famílias.
Rio de Janeiro
As três ocupações no Estado aconteceram em Araruama, Campos e Mangaratiba, reunindo 650 famílias Sem Terra.
Rio Grande do Norte
Três ocupações aconteceram no Estado, com a participação de 460 famílias nos municípios de Touros, Canavieira e João Câmara.
Rio Grande do Sul
Em 2 de abril, 1100 famílias realizaram duas ocupações, uma em Coqueiros do Sul, com 700 e a outra em Cruz Alta, com 400 famílias Sem Terra. Em 19 de abril, outras 400 famílias de trabalhadores rurais ocuparam outra parte do complexo Guerra, em Coqueiros do Sul. Em Pântano Grande também foi ocupada uma área, mas até o momento, não possuímos mais informações.
Santa Catarina
400 famílias trabalhadoras rurais ocuparam, em 17 de abril, a fazenda Faxinal do Paulista, da empresa Klabin (São Cristóvão do Sul).
São Paulo
De 27 de março a 13 de abril, 3710 famílias participam da Jornada Nacional de Lutas, totalizando 15 áreas ocupadas no Estado.
Sergipe
Desde o início do mês, já foram ocupadas dezenove fazendas no Estado. 2097 famílias participam das ocupações.
Tocantins
Duas ocupações reuniram 175 famílias no Estado.
Para o quadro completo, com todas as informações sobre estas ocupações, clique aqui (texto em formato rtf)