MST e UFPR implantam curso de agroecologia para Sem Terra
Com o objetivo de formar técnicos para trabalhar nos assentamentos e acampamentos do MST, foi assinado um convênio entre o Movimento e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para implantação do curso técnico em agropecuária, com ênfase em agroecologia. Atualmente, estão em andamento três turmas, num total de 116 educandos.
Os cursos são realizados na própria universidade e as aulas são ministradas pelos professores da instituição, formadores e formadoras do MST e amigos do Movimento. Os assentados e acampados aprendem técnicas de olericultura (produção de legumes), fruticultura, bovinocultura, suinocultura e avicultura, agrossilvicultura (sistemas de produção consorciada que desenvolve na mesma área o cultivo agrícola ou animal junto a plantações de árvores), além de conhecimentos gerais sobre uso e manejo do solo, irrigação, topografia, reflorestamento e produção de mudas. As aulas estão dentro da proposta de desenvolvimento rural sustentável baseada na agroecologica, livre de agrotóxicos e transgênicos.
A intenção da escola e do MST é promover a inclusão social e levar a educação profissional também para o meio rural. Segundo o professor Claudir Daltoé, coordenador do curso, a dinâmica dos trabalhos permite que os alunos adquiram os conhecimentos na sala de aula e os coloquem em prática na comunidade. “A estrutura do curso procura privilegiar a continuidade do aluno em sua propriedade. Assim, o aluno vai para a sala de aula e recebe os conteúdos segundo as diretrizes curriculares, e retorna para sua comunidade. Lá, ele é orientado por um técnico ou professor, indicado pela coordenação do curso, que acompanha seu desenvolvimento técnico na prática. Desta forma, ele continua em contato com sua família, com sua propriedade e mantém o vínculo com a agricultura”, explica Daltoé.
Os militantes estudam em pedagogia de alternância tempo escola – tempo comunidade. Esta metodologia é usada em todos os cursos do Movimento. O conteúdo é concentrado em etapas de aproximadamente vinte dias e os militantes voltam a cada período para suas regiões, onde desenvolvem trabalhos de base, estudos e não se desprendem de suas realidades. Esta metodologia também permite a formação de várias turmas ao mesmo tempo.
Maria Izabel Grein, coordenadora do setor de educação do MST/PR, explica a importância de parcerias como esta: “Estamos trabalhando para elevar o nível de conhecimentos de toda a base do Movimento. É preciso lembrar que o povo que atua no MST não apenas teve o seu direito à terra negado, como também à educação e ao conhecimento. Com a implantação de cursos técnicos como este, trabalhamos a escolarização de quem realmente precisa”, esclarece.
Estão em fase de implantação mais duas novas turmas, integradas com o ensino médio, para os cursos de Agroecologia e Saúde Comunitária, que irão funcionar no Instituto Técnico de Educação e Pesquisa da Reforma Agrária (ITEPA), em São Miguel do Iguaçu.