Uruguai e Bolívia endurecem relações com os Estados Unidos

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Uruguai e Bolívia endurecem relações com os Estados Unidos

28/12/2004

Fonte Agência Carta Maior

Após o adesismo chapa branca dos anos 90, a América Latina continua redesenhando suas relações com os Estados Unidos neste início do século 21. A criação do G-20 durante a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) de Cancún, em setembro de 2003, foi um marco dessa nova fase. A eleição de governos com perfil de esquerda em diversos países da região tem dado força a novos enfrentamentos.

Semana passada, o vice-presidente eleito do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, da esquerdista Frente Ampla, anunciou que o novo governo irá rever os termos do Acordo Bilateral de Investimentos, firmado em outubro deste ano pela atual administração e que protege investimentos norte-americanos.

Inspirado em artigos do Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta) – firmado entre EUA, Canadá e México -, o acordo permite, entre outras coisas, que empresas cobrem indenizações milionárias de governos caso se julguem prejudicadas por legislações ambientais, sanitárias ou trabalhistas. Segundo Novoa, a revisão será facilitada pelo fato de o acordo não ter passado ainda pelo Congresso.

No último dia 23, foi a vez de o Congresso boliviano recusar o pedido do governo de ratificar um convênio de imunidade para militares norte-americanos no país. A informação foi dada pelo presidente da Comissão de Constituição, Carlos Sandy, que deplorou a ameaça de diminuição das ajudas econômicas de Washington.

“Essa lei não vai passar”, declarou Sandy. “No legislativo, tomamos o planejamento do governo nem sequer como uma exortação a agir de determinada maneira, mas como uma infâmia”, acrescentou Sandy, senador do Movimento ao Socialismo (MAS), que tem a segunda força parlamentar.

O legislador concordou com o monsenhor Jesús Juarez, um dos mais influentes membros da Conferência Episcopal boliviana, ao qualificar como “uma chantagem” o condicionamento da ajuda norte-americana a que seja ratificado o convênio.

Esse acordo foi firmado em março de 2003 pelo governo do ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada entre seu chanceler Carlos Saavedra Bruno, e o embaixador dos Estados Unidos, David Greenlee.