Conflitos são maiores onde cresce o agronegócio, diz CPT

No ano passado, 64 pessoas morreram em conseqüência de conflitos no campo. O número demonstra um aumento de 106% em relação a 2004. Os dados estão no relatório Conflitos no Campo 2005, lançado hoje pela Comissão Pastoral da Terra. A obra é publicada desde 1985 e registra a violência sofrida por trabalhadores e trabalhadoras rurais.

Para a CPT, “a injusta concentração fundiária, a não demarcação das terras indígenas e a não realização da Reforma Agrária fazem crescer o número de vítimas inocentes, sobretudo crianças indígenas, que morreram por desnutrição ou por falta de atendimento básico adequado”.

Este ano, o texto traz também denúncias sobre a morte de 13 cortadores de cana-de-açúcar no estado de São Paulo. Segundo o relatório, nas décadas de 70 e 80, um trabalhador cortava em média de cinco a oito toneladas cana/dia. Hoje esta média está entre 12 e 15 toneladas.

Dados

Em 2005, o número de conflitos registrado foi o maior entre os 21 anos da publicação Conflitos no Campo Brasil. Aconteceram 1.881 conflitos no ano passado, enquanto em 2004 foram 1801. Um crescimento de 4,4%. Os assassinatos praticamente permaneceram inalterados. Em 2005 ocorreram 38. Um a menos que em 2004, quando se registrou 39. Este ano, três pessoas já morreram.

O ano passado também foi o maior em denúncias de ocorrência de trabalho escravo, 276 no total. Em 2004 foram 236. O número de trabalhadores encontrados em situação de escravidão foi de 7.707, 26,8% maior que em 2004, e 4.585 pessoas foram libertadas.

“Relacionando o número de conflitos e de violência com os dados da população rural, estes números são significativamente maiores nos estados onde mais cresce e se expande o agronegócio, regiões centro-oeste e norte. O Mato Grosso aparece com o maior índice, seguido pelo Pará, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia e Amapá”, afirma a CPT.

Em 2002, o relatório foi reconhecido como publicação científica pelo Instituto Brasileiro de Informação e Ciência e Tecnologia (IBICT).