Na Colômbia, Uribe é reeleito e segue com política alinhada aos Estados Unidos

Com informações de Adital e Observatório Latino-americano

As denúncias constantes de violações aos direitos humanos, a violência contra civis em meio à guerra entre paramilitares e grupos armados e o cumprimento de apenas 25 das 100 metas de campanha em seu primeiro mandato não impediram a vitória de Álvaro Uribe nas eleições presidenciais da Colômbia, realizadas domingo, 28. Uribe obteve 62% da preferência do eleitorado, foi eleito em primeiro turno, e tornou-se o primeiro presidente do país reeleito em 120 anos.

Com a continuidade de Uribe no poder, a Colômbia – que conta com uma população de 44 milhões de pessoas – passa a ser um país ainda mais estratégico para os Estados Unidos, pois fica bem no meio de dois dos mais importantes governos “de mudança” da América Latina: Venezuela e Bolívia. Não é à toa que o presidente reeleito já anunciou o fechamento do Tratado de Livre Comércio e o endurecimento da luta contra a guerrilha marxista das FARCs. Gerente do império, Uribe promete mais do mesmo. Ou seja, não haverá mudanças no país, só o aprofundamento da dependência e da super-exploração.

Na Colômbia, o voto não é obrigatório. Dos 26 milhões e 700 mil colombianos que podiam votar, apenas 55% exerceram o direito de fazê-lo. E deram a Uribe 7,33 milhões dos votos em jogo. Apesar da grande vantagem obtida pelo atual presidente colombiano, os membros do partido de esquerda Pólo Democrático Alternativo (PDA) também se consideram vencedores, com o segundo lugar de Carlos Gaviria. Dois meses antes das eleições, Gaviria era desconhecido pela maioria dos eleitores e ainda assim conseguiu 22% dos votos.

Mais que um segundo lugar nas eleições, a esquerda colombiana se transformou na segunda força política do país ao quase quadruplicar a votação que conseguiu na eleição anterior. E, em termos partidários, o PDA foi o vencedor de votos, já que a coalizão formada para apoiar a reeleição do presidente Álvaro Uribe era composta por várias forças de direita e de centro, enquanto que Gaviria era representante só do PDA.

Se a histórica votação da esquerda permitiu que a eleição colombiana tivesse dois vencedores, o fraco desempenho, do antes poderoso Partido Liberal (PL), com apenas 12% dos votos, ratificou a mudança de mãos das forças políticas do país. O PL, nos últimos 50 anos, nunca ficou atrás do segundo lugar e, junto ao Partido Conservador Colombiano (PCC), se revezou na Presidência do país até a chegada de Uribe ao poder. Neste pleito amargou um terceiro lugar.

O mandato até 2010 de Uribe, além de ter o apoio da população, será facilitado com a ampla margem de apoiadores obtidos pelo grupo governista no Congresso, pois, nas eleições legislativas que foram realizadas em março último, eles obtiveram 61% do Congresso.