Cortadores de cana-de-açúcar de Goiás exigem melhores condições de trabalho
Por Marina Mendes
Fonte Agência Notícias do Planalto
Centenas de cortadores de cana-de-açúcar dos municípios goianos de Rubiataba, Carmo do Rio Verde e Itapaci pararam as atividades nos canaviais no incío desta semana para exigir melhores condições de trabalho. Eles querem a devolução das carteiras de trabalho – que foram retidas pelos usineiros e o seguro desemprego.
Para Guilherme Maciel, da coordenação nacional dos Pequenos Agricultores (MPA), a maioria dos canaviais apresenta condições muito precárias para os trabalhadores e eles não têm nenhum direito trabalhista garantido.
“Quase igual ao uso de trabalho escravo. A pessoas se arrebentam de trabalhar e quando não tem mais condições de trabalho, vão embora sem seus direitos. O modelo de contrato que eles se encontram não se dá os direitos trabalhistas deles, que é a questão do seguro desemprego. Então com seis meses, ele está desempregado sem nenhum direito trabalhista”.
Entre abril de 2004 e outubro de 2005, cerca de dez trabalhadores morreram na região canavieira de Ribeirão Preto, no interior paulista. Segundo a investigação feita pela Relatoria Nacional para o Direito Humano ao Trabalho com o apoio do Ministério Público, as mortes podem ter sido provocadas por excesso de trabalho nos canaviais.
O método de remuneração aplicado, em que o trabalhador ganha por metro quadrado cortado, tem feito com que as pessoas se esforcem além dos limites físicos, gerando mutilações, paradas cardíacas e acidentes cerebrais hemorrágicos. Desde 1996, o valor do metro cortado continua o mesmo: R$ 0,10. Geralmente o cortador leva cerca de nove horas para cortar 200 metros de cana.