Sem Terra do Paraná organizam oficinas de capacitação

Durante a V Festa da Reforma Agrária, que aconteceu de 22 a 28 de maio na região noroeste do Paraná, foram realizadas oficinas de capacitação com agricultores assentados, acampados e estudantes.

As oficinas aconteceram de segunda a sexta nos municípios de Querência do Norte e Santa Cruz do Monte Castelo, como parte da programação da festa, e foram organizadas pelo MST da região.

Os principais temas trabalhados nas oficinas foram o sustento familiar e o beneficiamento da produção pelos pequenos agricultores. A idéia era capacitar as pessoas para melhorar a renda familiar e baixar o custo de produção das famílias. “Queríamos que a festa fosse uma oportunidade para os assentados conhecerem formas alternativas de resistir na terra”, garante Dominique Perioto Guhur, engenheira agrônoma da Coana (Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária Avante Ltda).

Domique afirma ainda que a proposta é construir um novo modelo baseado na agricultura camponesa, agroecologia, preservação das sementes e beneficiamento dos produtos familiares.

José Carlos Gonçalves, do assentamento Pontal do Tigre, comemora a realização das oficinas e explica que é preciso mudar o sistema de produzir que vem deixando a terra doente. “As multinacionais querem explorar a natureza vendendo adubo, mas isso está matando a natureza. Essa oficina vem de encontro com as necessidades dos agricultores, ajudando as pessoas a trabalharem de forma alternativa e terem um futuro melhor”, garante o Sem Terra, que é presidente da Associação de Pais e Mestres da Escola Municipal Chico Mendes, situada no assentamento.

Agrofloresta

Umas das oficinas realizadas foi a de agrofloresta, ministrada pela engenheira florestal Priscila Facina Monnerat, que aconteceu no Colégio Centrão e teve a participação de assentados, estudantes e professores.

Priscila explicou aos participantes que para iniciar uma experiência com agrofloresta os agricultores devem conhecer os seus princípios, que imitam a dinâmica da natureza. A agrofloresta é um espaço que permite combinar vários tipos de plantas como árvores frutíferas, nativas, plantas adubadeiras, ervas medicinas, alimentos e rasteiras. Trata-se de consorciar a agricultura com a natureza.

Até alcançar a formação adulta a agrofloresta passa por várias fases. Primeiro vem os capins e as ervas, depois os arbustos, árvores pequenas, até chegar na floresta madura. É importante conhecer os hábitos das culturas para saber quais se adaptam melhor em cada região.

A prática da agrofloreta não é uma coisa nova, mas vem sendo feita há anos pelos povos indígenas, pelas mulheres nos quintais e os extrativistas. “A agrofloresta é uma alternativa para os agricultores porque resgata a cultura camponesa e também é uma forma de resistir ao grande modelo da monocultura e aumentar a diversidade da mesa”, argumenta Priscila.

Os estudantes da Escola Municipal Chico Mendes e Colégio Centrão, (localizado no assentamento Pontal do Tigre, em Querência do Norte), juntamente o MST a e Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), estão desenvolvendo uma experiência de agrofloresta na escola. Agora o desafio é construir isso nos lotes.

De 22 a 27 de maio, foram realizadas as seguintes oficinas: produção de mel e produtos apícolas, produção caseira de produtos de limpeza, impacto dos agrotóxicos na saúde, produção de derivados de cana-de-açúcar, organização de hortas e produção de hortaliças, produção caseira de embutidos, prática de fitoterápicos, educação do campo, agroindustrialização de frutas, agrofloresta, efeitos da produção de eucaliptos e produção de mudas.