Via Campesina discute economia e neoliberalismo na América Latina
Entre os dias 14 e 16 de junho, os movimentos que compõem a Via Campesina no Espírito Santo e as escolas agrícolas acamparam na Universidade Federal do Espírito Santo. O MST, o Movimento dos Pequenos Agricultores e a Comissão Pastoral da Terra participaram de uma atividade de estudo e formação que aconteceu durante o XI Encontro Nacional de Economia Política. O evento reuniu intelectuais nacionais e internacionais para discutir alternativas ao neoliberalismo na América Latina.
O seminário da Via Campesina foi uma proposta de membros da Sociedade Latino-Americana de Economia Política e Pensamento Crítico (SEPLA), criada ano passado na Cidade do México. “O nosso objetivo é reunir economistas críticos da América Latina para trabalhos com os movimentos sociais, contribuindo com análises, assessorias e diagnósticos”, afirma Reinaldo Carcanholo, professor de Economia da UFES. Segundo ele, esse seminário foi uma iniciativa local da SEPLA, aproveitando a presença de grandes economistas latino-americanos na universidade para debater com os movimentos sociais no estado.
Na atividade, foram abordados temas como a economia brasileira, dívidas interna e externa, análise da conjuntura nacional e da América Latina e perspectivas de organização internacional dos movimentos sociais.
A América Latina foi considerada como “o grande cenário da luta contra o neoliberalismo e imperialismo” por Cláudio Katz, economista da Universidade de Buenos Aires, na Argentina. Foi apontada também a necessidade de “unir os movimentos para um projeto de convergência de lutas anti-capitalistas, anti-imperialistas e internacionalistas”, segundo Rémy Herrera, da Universidade de Paris, na França.
Durante o evento, também foi lançado o Caderno de Conflitos no Campo 2005, da CPT, e o vídeo “Rompendo o silêncio”, do MST, sobre a ação das mulheres da Via Campesina no dia 8 de março na empresa Aracruz Celulose. “Além de reunir os movimentos que compõem a Via, a atividade foi de fundamental importância para a formação e consciência política, pois pudemos refletir na nossa realidade os impactos do modelo econômico capitalista”, avalia Joselma Maria Pereira, integrante da direção estadual do MST.
“A atividade foi essencial para sabermos como está o debate dos outros movimentos sociais latino-americanos”, diz Wonibaldo Rutzen, coordenador da CPT. Para ele, a integração das organizações que compõe a Via Campesina é fundamental para as lutas universais no campesinato.