MAB divulga nota criticando imprensa
O MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) divulgou ontem nota de repúdio a uma matéria intitulada “Ameaça de blecaute investigada”, publicada pelos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas em 16/07. A reportagem acusa o movimento de planejar uma ação contra a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) para provocar a falta de energia elétrica em metade do país.
“Ficamos surpresos e indignados como qualquer cidadão de bem vai se sentir quando ler a matéria. Acreditamos ser esta uma ameaça das empresas privadas do setor elétrico brasileiro, fazendo chantagem com a opinião pública”, diz a nota do MAB.
O MAB iniciou neste mês uma campanha de esclarecimento a população sobre as tarifas de energia. Em diversos estados foram realizadas marchas, panfletagens e debates para explicar a decisão do juiz Charles Renaud Frazão de Moraes, da 14ª Vara da Justiça Federal de Brasília, que determinou que os consumidores cuja média de gastos não ultrapasse os 200 quilowatts por mês têm direito a desconto de 65% na conta de luz. “Com certeza as empresas querem desviar o foco da atenção para não acatar a medida judicial. Tudo para não perder um centavo”, coloca o movimento.
Entre 1995 e 2002, a tarifa de energia elétrica residencial aumentou mais de 180%, enquanto o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) teve aumento de 58%. A situação considerada mais grave é a de Minas Gerais. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) aplica um imposto de 30% sobre a tarifa de energia e com isso obtém um lucro de 2 bilhões de reais por ano. Apesar de ser considerada estatal, a Cemig tem 76% de capital privado. A maior parte da energia produzida pela companhia é destinada a indústrias. Apenas 17% chegam até a população, que paga 10 vezes mais do que as empresas.
“Sabemos que a imprensa, instrumento de disputa de idéias e formação de opinião, tem um papel fundamental de informar a sociedade sobre os fatos. Neste momento, ela deveria alertar os brasileiros que todas as empresas distribuidoras de energia precisam executar essa nova medida e baixar o preço da energia elétrica”, afirmam os integrantes do MAB.
Os trabalhadores e as trabalhadoras também reivindicam a igualdade no preço da energia entre as grandes indústrias e a população, que paga hoje um valor oito vezes superior. Além disso, eles pedem a garantia dos direitos de todos os atingidos por barragens no país, cerca de um milhão de famílias. As indenizações, quando ocorrem, são muito baixas e não correspondem aos danos materiais e morais sofridos.