A luta global das mulheres por paz e desmilitarização

Por Milenia Radio/ Minga Informativa

Constatar que a violência sexual contra as mulheres ocorre da mesma maneira no Congo e no Perú, seja em tempos de paz ou de conflito armado, é um grande impacto. Isso foi o que sentiram as cerca de 100 delegadas que participam do VI Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, um movimento de identidade feminista que reivindica um mundo sem discriminação. A atividade, que acontece em Lima, no Peru até o dia 9 de julho, tem como objetivo discutir e analisar a conjuntura e também adotar um plano estratégico de ações até 2010, tendo quatro eixos principais: paz e desmilitarização, violência, trabalho, soberania alimentar e recursos naturais.

Antes de iniciar o trabalho nas oficinas, as mulheres presenciaram uma instalação artística produzida pelo Grupo Yuyachkani que mostrou a violência sexual que sofreram as camponesas da comunidade andina de Manta na região de Huancavelica (Perú) durante as décadas de guerra civil. Cerca de 98% dos que sofrem violência sexual são mulheres.

Josee Kusinza, da República Democrática do Congo, se impressionou ao constatar que o uso da violência contra as mulheres como arma de guerra se deu não só em países da África Central, mas também em nações latino-americanas. “Entender a experiência das mulheres peruanas é muito importante para sentir a solidariedade e saber que estamos juntas na luta pela erradicação da impunidade frente a esta violência”, manifestou. Josee denunciou que as principais conseqüências da guerra no Sudão, Ruanda, Burundi e Costa do Marfim, são a corrida armamentista e a violência sexual contra as mulheres.

Propostas

O tema da paz e da desmilitarização foi abordado pelas delegadas do encontro, que fizeram propostas para promover ações nacionais e globais que permitam colocar em evidência a responsabilidade dos governos frente à globalização e as grandes corporações, à indústria da guerra e suas trágicas conseqüências para as pessoas.

Quem se beneficia com a indústria da guerra? Por que os governos investem mais em armas do que no desenvolvimento de seus povos? Quais são os objetivos do militarismo dos Estados Unidos e seus aliados? Estas foram algumas das perguntas em torno das quais girou a reflexão e o debate.

Emily Naffa, delegada da Jordania, qualificou a globalização como um processo de militarização perigoso. Ela também questionou o papel dos Estados Unidos, que pretendem controlar os recursos naturais e influir nas decisões dos países, através de guerras e ocupações. Emily destacou que é revoltante que se continue gastando 12 trilhões de dólares anualmente em armas