Via Campesina aposta no debate com governo para revitalização do São Francisco

Por Gisele Barbieri
Fonte Agência Notícias do Planalto

A Via Campesina, entidade que reúne agricultores de todo o mundo, defende a revitalização do Rio São Francisco em contraposição ao projeto do governo federal de fazer a transposição. Por essa razão, a entidade acredita que a solução dos problemas de água e do desenvolvimento dos camponeses no Semi-Árido brasileiro deve ser buscada com ações como a captação e armazenamento de água de chuva para produção e consumo humano.

A organização aposta na contribuição das entidades civis neste debate com o governo federal. Debate que teve início na última semana, em Brasília, na primeira oficina de trabalho sobre desenvolvimento do Semi-Árido, que reuniu governo e entidades sociais. Francisco Flávio, integrante da Via Campesina no Nordeste, fala das preocupações da entidade com o projeto de transposição. Como representante das comunidades que serão diretamente atingidas pelo projeto, afirma que vai participar deste debate até o fim.

“Que modelo de desenvolvimento é este que vai ser adotado? Como vai ser a inclusão destas famílias? Como é que vai ser o processo de reforma agrária? Tem algumas questões que precisam ser aprofundadas e a gente tem esta expectativa, que o governo possa ampliar este debate reordenar e reproduzir estas discussões de uma forma mais ampla, já que temos bastante tempo para fazer isso, considerando que a obra está paralisada judicialmente.”

A pressão do movimentos sociais já conseguiu adiar o início das obras, o que foi reforçado com uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contrária à transposição. Segundo a Via Campesina, a transposição beneficiará apenas 5% da Região Semi-Árida e os problemas de água para abastecimento humano e dos animais podem ser resolvidos, em caso de necessidade comprovada, por adutoras, levando água mais barata para essas populações.

Entre os movimentos que integram a Via no Brasil estão o dos Atingidos por Barragens (MAB) e dos Pequenos Agricultores (MPA).