Sem Terra recebem imissão de posse da Fazenda Barra; agronegócio perde espaço
Após um longo processo, que teve início em 2000, as famílias Sem Terra da região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, conhecida como a capital do agronegócio, receberam hoje a imissão de posse da Fazenda da Barra. A área, que era um latifúndio improdutivo de 2 mil hectares, acumulava mais de 7 bilhões de reais em multas e já tinha recebido diversas denúncias de violação ambiental.
Desde o governo Fernando Henrique Cardoso, o Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) já tinham atestado a improdutividade do imóvel. Em 2005, o Incra recebeu permissão para desapropriar a fazenda, que pertencia ao grupo empresarial Robeca.
Na área, cerca de 500 famílias serão assentadas, o que significa 2 mil empregos diretos e pelo menos 5 mil empregos indiretos.
“Nossa região possui 91 municípios, mas não produz sequer 25% dos hortifrutigranjeiros que consumimos. Imaginemos 300 famílias produzindo de forma orgânica alimentos para nossa cidade”, afirmou Edivar Lavratti, integrante da coordenação nacional do MST.
Para ele, a forma orgânica de trabalhar respeita a terra, a vida e a água. O dirigente do MST acredita que a questão agrocológica também é importante, porque a região está sobre o Aqüífero Guarani, uma das reservas de água mais importante da América do Sul. Sem o uso de agrotóxicos, o lençol freático não será contaminado e a reserva se mantém limpa.