Celulose avança com dinheiro público

Por Raquel Casiraghi
Fonte Agência Chasque

O dinheiro público disponibilizado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) às empresas de celulose tem permitido a expansão do setor no país. Em reunião com empresários de papel e celulose, o presidente do BNDES, Demian Fiocca, afirmou que o Banco irá elevar em 17% ao ano os investimentos no setor. O aumento equivale a investimentos de R$ 20 bilhões de reais, ficando para o banco financiar R$ 11,7 bilhões desse total.

No entanto, a estimativa do setor é de que os investimentos aumentem ainda mais, devido ao fechamento de fábricas de papel e celulose na Europa e América do Norte. Um novo projeto da Votorantim Celulose, que já têm quase 50 mil hectares de terras compradas no Rio Grande do Sul, deverá aumentar a capacidade de produção em 1,2 milhão de toneladas de celulose. Já a Aracruz prevê investimentos de R$ 660 milhões em florestas de eucaliptos nas áreas gaúchas e no aumento de produção de celulose no Espírito Santo. Ainda há a empresa sueco-finlandesa Stora Enso, que comprou 50 mil hectares de terra no estado do sul.

Os recursos, na opinião de movimentos sociais e ambientalistas, são indevidamente empregados. A maior parte do dinheiro disponibilizado pelo BNDES para estas empresas provém do Fundo de Amparo ao Trabalhador. As organizações alegam que o dinheiro concedido às empresas de celulose para gerarem emprego não é revertido nos postos de trabalho que as empresas prometem.

Levantamentos realizados pela organização não-governamental Fase, do Espírito Santo, aponta que a Aracruz gerou apenas um emprego direto a cada 122 hectares de eucalipto plantado. Nas fábricas de celulose da mesma empresa, o índice continuou baixo devido à alta informatização. Além disso, os juros cobrados pelo crédito do BNDES é de 2% ao ano, quatro vezes menor do que os 8,75% cobrado do agricultor que retira crédito do Pronaf.

De acordo com o relatório anual da instituição, no ano passado o BNDES repassou cerca de R$ 4,5 bilhões às empresas de celulose. Os projetos que arrecadaram mais dinheiro foram o da Aracruz na Bahia, Espírito Santo e Rio Grande do Sul; da Votorantim Celulose em São Paulo e no Rio Grande do Sul; e da Veracel, na Bahia.