Acampamento Índio Galdino: um ano de resistência contra a monocultora do eucalipto

Um ano após a primeira ocupação da Fazenda Agril, da empresa Aracruz Celulose, em 27 de setembro de 2005, o acampamento Índio Galdino continua resistindo com 150 famílias. Mesmo após duas ocupações do MST, nada foi feito para vistoriar e desapropriar a fazenda, que possui cerca de 5 mil hectares de terras devolutas em Vila do Riacho, município de Aracruz (ES).

Conforme legislação estadual, as terras devolutas devem ser destinadas para fins de Reforma Agrária. Para que isso se efetive, no entanto, é preciso que o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do ES (IDAF), órgão do governo estadual, inicie um processo de vistoria para posterior desapropriação dessas áreas, o que nunca foi feito.

Em audiência com o então secretário de Agricultura, Ricardo Ferraço e com o governador Paulo Hartung, em março deste ano, foi assumido o compromisso do governo estadual de equipar técnica e materialmente o IDAF, para que as vistorias tivessem início. No entanto, isso não foi cumprido.

Para cobrar do governo mais agilidade na desapropriação da área, o MST reocupou a Fazenda Agril em 26 de abril deste ano. A única resposta obtida, entretanto, foi o despejo das famílias pela tropa de choque da Polícia Federal, três dias após a entrada na fazenda. Enquanto isso, as famílias acampadas sobrevivem em meio ao monocultivo de eucalipto da empresa Aracruz Celulose.

Essa área é estratégica para a Aracruz Celulose, que construiu no local um canal para desviar a água do rio Doce para o abastecimento das comportas de sua fábrica. A área está envolvida também em denúncias de impacto ambiental.

Aracruz contribuiu com a campanha de Hartung

Conforme a prestação de contas da campanha eleitoral de 2002, o atual governador Paulo Hartung recebeu R$ 500 mil reais da empresa, que foi a maior doação a candidatos que a Aracruz Celulose efetivou naquelas eleições.