Protesto contra Aracruz marca abertura do maior evento ambiental do ES

Um protesto com cerca de 300 pessoas marcou o início da XVII Feira do Verde, o maior evento ambiental realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) da prefeitura de Vitória (ES). Patrocinado pelas principais empresas poluidoras do estado, entre elas a CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão), CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) e a Aracruz Celulose, a Feira deste ano tem como tema a educação ambiental.

A Brigada Indígena, com o apoio do Diretório Central dos Estudantes da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) e da Rede Alerta Contra o Deserto Verde, organizou um protesto na abertura do evento para questionar o financiamento dessas empresas ao evento. Fantasiados de eucaliptos e com faixas exigindo a demarcação das terras indígenas e quilombolas, os manifestantes vaiaram o prefeito de Vitória e o vice-governador do estado, que também receberam verbas dessas empresas em suas campanhas eleitorais.

“Questionamos a troca de favores existente entre essas empresas e os poderes municipal e estadual. Entendemos que ao financiar um tipo de evento ambiental como esse, elas transparecem ser socialmente responsáveis para a sociedade, com o apoio do poder público”, explica Fernando Schubert, um dos integrantes da Brigada Indígena.

Esse é o segundo ano consecutivo em que a Brigada Indígena promove essa manifestação, intitulada “Farsa do verde”. No primeiro ano, a manifestação procurou evidenciar o conflito existente entre a Aracruz Celulose e os indígenas, durante o processo de auto-demarcação das terras ancestrais. Neste ano, pela temática da educação ambiental, a Feira do Verde priorizou o trabalho com as crianças, o que incentivou a Brigada a produzir uma cartilha de história em quadrinhos sobre a invasão da Aracruz nas terras indígenas do estado, distribuída na manifestação.

“Como a prefeitura municipal pode discutir educação ambiental e apresentar os principais impactos sobre o meio ambiente que existem no ES, se são justamente as principais poluidoras que pagam esse evento?”, questiona Schubert. Além da cartilha, foram distribuídos panfletos explicando o motivo da intervenção na Feira e o conflito existente entre Aracruz e os povos indígenas.

Somente no ano passado, cerca de 130 mil pessoas circularam pela Feira do Verde. “É uma forma que temos de dialogar com a sociedade, porque a Aracruz está organizando uma enorme campanha contra os índios, inclusive pelos meios de comunicação locais. Precisamos apresentar para as crianças, para a sociedade capixaba um contraponto à versão da empresa”, justifica Marcela Prest, diretora do DCE da UFES.